Durante pandemia, 9 mil bares e restaurantes já fecharam as portas no MT

Nove mil bares e restaurantes já fecharam as portas desde 2019 em Mato Grosso, principalmente em razão do período de quarentena imposto pela pandemia da Covid-19, em 2020. Atualmente, há 28 mil estabelecimentos ativos no Estado.

 

O número foi passado pela presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Mato Grosso (Abrasel-MT), Lorenna Bezerra, ao defender que o setor não suportaria um novo lockdown no Estado.

 

“A pandemia fechou nove mil estabelecimentos de alimentação fora do lar. Isso representa 20 mil pessoas desempregadas. A gente não pode deixar isso continuar porque, quando a minha casa pega fogo, a do vizinho também corre risco”, disse.

 

“Com esse número de pessoas desempregadas, a gente está correndo um sério risco social também, porque a economia vai sofrer com isso também”, completou.

Segundo Lorenna, o número de estabelecimentos fechados pode ser ainda maior, uma vez que muitas empresas não reabriram as portas e apenas não deram baixa ainda no cadastro.

 

Ela destacou, ainda, que 80% % do setor é formado por pequenas empresas, de gestão familiar, mas que acabam sendo vistos como “vilões” pela sociedade, acusadas de causar aglomerações e contribuir para a proliferação do novo coronavírus.

 

“As pessoas jantam muito tarde aqui, é algo cultural. Estávamos fechando 20h até semana passada. Então, pizzarias, hamburguerias, espetinhos, estava todo mundo sendo muito prejudicado”, afirmou.

 

“Essas pessoas estão passando fome. Ninguém vai ficar rico nessa pandemia. A gente só quer respirar, conseguir pagar as contas e os salários dos funcionários”, disse.

 

Ajuda financeira

 

A presidente da Abrasel destacou que a reabertura e extensão do horário de funcionamento – resultado do clamor dos empresários – deram fôlego para o setor, mas ainda não é o suficiente para garantir a sustentação de todos os estabelecimentos de portas abertas.

 

“Abrir não significa ganhar dinheiro, faturar. Estamos trabalhando com um número reduzido de atendimento. Com o distanciamento de 1,5m entre as mesas e trabalhando em horário reduzido, tem estabelecimento que não alcança nem 50% da capacidade de atendimento”.

 

“Precisamos sim de recursos financeiros. Os recursos liberados ainda não chegaram nas mãos dos empresários”, reclamou.

Ela afirmou que o setor está “pedindo socorro” às três esferas do poder público.

 

“Não veio nada do Governo Federal para ajudar a pagar os salários. O Governo Estadual lançou um programa de empréstimos, mas ele ainda não foi concretizado. A Prefeitura precisa fazer algo a respeito dos alvarás e IPTU, porque tem gente que não conseguiu pagar o alvará de 2020/2021 até hoje”, afirmou.

 

Contra o lockdown

 

Ela ainda criticou quem se coloca a favor do lockdown, afirmando que a medida era cabível no início da pandemia, quando ninguém sabia com o que estava lidando.

 

Após um ano, ela afirmou que todos já sabem as medidas de biossegurança que devem ser tomadas para evitar o contágio e a responsabilidade deve ser compartilhada.

 

“Por parte do empresário, não adianta mandar fechar e não dar nenhum apoio financeiro. Porque o empresário não pode falar para o funcionário dele: vai para casa e não vou pagar o seu salário. Por isso estamos tendo tanta empresa que não suportou e fechou”.

 

“Quem é a favor do lockdown, com certeza tem um salário garantido, porque quem depende de trabalhar para ter salário, não é a favor do lockdown. É a favor do distanciamento social, não do isolamento”, completou.

Blitze e conscientização

 

Para tentar manter os estabelecimentos de portas abertas, a Abrasel tem feito blitze educativas nos pontos com maior concentração de público, em parceria com a Polícia Militar e os fiscais municipais.

 

Nos locais, eles orientam empresários e clientes para o cumprimento das medidas como uso de máscara ao levantar, uso de álcool em gel e manter o distanciamento, sem unir mesas ou fazerem consumação em pé.

 

Segundo ela, todo o setor não pode “pagar o pato” por meia dúzia e, portanto, aqueles que não respeitarem as normas, devem ser penalizados.

 

“Depois de tanto orientar, quem não estiver cumprindo, tem que fazer valer a lei, suspender o alvará e aplicar a multa. Vale lembrar que a pessoa física também pode ser multada”, destacou.

 

“Temos que punir as pessoas que estão promovendo aglomerações e deixar quem está respeitando trabalhar. Porque não faz sentido quem trabalha certinho pagar pelos irresponsáveis, negligentes”, afirmou.

abrasel/mt

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