Da primeira vez que foi candidato a presidente da República, em 1998, Ciro Gomes, em resposta à pergunta de um eleitor durante entrevista a uma emissora de rádio de Salvador, chamou-o de burro. O episódio custou-lhe muitos pontos nas pesquisas de intenção de voto. Teve 11% e ficou em 3º lugar no primeiro turno.
Quatro anos depois, candidato outra vez, disse em uma entrevista à imprensa que a sua mulher à época, a atriz Patrícia Pilar, servia para dormir com ele. Foi um desastre de grande repercussão. Em ascensão nas pesquisas de intenção de voto, começou a cair depois disso. Ficou em quarto lugar, com 12% dos votos.
Em 2018, em sua terceira tentativa de se eleger presidente, Ciro chamou o vereador Fernando Holiday (DEM-SP) de “capitãozinho do mato”, e de “filho da puta” o integrante do Ministério Público que quis processá-lo por injúria racial. Teve 12,5%, e novamente ficou fora do segundo turno.
A um ano e 19 semanas da quarta eleição presidencial que disputará, Ciro não se conteve e já partiu para cima daquele que elegeu como seu principal adversário – Lula. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, ele disse:
“Vamos derrotar Bolsonaro e vou propor mudança. Lula é parte central da corrupção. Lula é o maior corrupto da história moderna brasileira. E não aprendeu nada. Fica na lambança, prometendo a volta de um passado idílico que é mentira.”
O marqueteiro da campanha de Ciro, João Santana, havia dito a ele que seria bom marcar distância de Lula, mas não nesses termos. Ciro, porém, não resiste à tentação de provocar seus desafetos. O Google está repleto de vídeos onde ele dispara desaforos e se vale de palavrões. É uma boca suja.
Carlos Lupi, presidente do PDT, ex-ministro do governo Lula, assim como Ciro, apressou-se a corrigir o seu candidato: “Continuo achando que o cenário da disputa presidencial será entre Ciro e Lula no segundo turno. Mas, antes, temos que vencer o inimigo da nação, que é o presidente Bolsonaro”.
Para Lupi, as diferenças em relação ao PT devem ser mostradas “de forma pontual”, com foco no projeto econômico para o país. “O PT e Lula aumentaram a concentração de renda e apostaram no rentismo. Eles têm um projeto de poder e nós temos um projeto de nação. Pode até fazer crítica agora, mas deve ser pontual”.
Pesquisa Datafolha aplicada na semana passada mostrou Lula com 41% das intenções de voto, contra Bolsonaro com 23%, e Ciro com 6%. Tirar Lula de um eventual segundo turno será uma tarefa quase impossível para Ciro, que tenta atrair os votos da centro-direita. Seu adversário de fato é Bolsonaro.
mtpl