No último dia 30 de junho, a Comissão da União Europeia (UE) aprovou o projeto chamado “Fim da Era da Gaiola”. A iniciativa popular de cidadãos comunitários (European Citizens’ Initiative – ECI) pede o fim da criação animal industrial em gaiolas.
O órgão europeu se comprometeu a estabelecer um plano de transição, a ser publicado até o final de 2023, promovendo a gradual redução das gaiolas até o total banimento, a partir de 2027.
O movimento faz parte de uma ampla revisão da legislação de bem-estar animal na UE. As espécies contempladas pela norma incluem porcas, bezerros, coelhos, galinhas poedeiras, frangos, matrizes de frangos de corte, matrizes de galinhas poedeiras, codornas, patos e gansos.
Ao longo do período de mobilização, a campanha encabeçada pela organização não-governamental Compassion in World Farming (CIWF) e em colaboração com outras 170 ONGs, recebeu apoio maciço da sociedade em todas as nações do grupo. Teve mais de 1,4 milhão de assinaturas e passou a figurar como um dos exemplos de maior engajamento da ferramenta de democracia participativa da UE lançada em 2012. De forma ampla, pesquisas mostraram que 94% das pessoas na Europa creem que a defesa do bem-estar animal é algo importante; 82% acreditam que animais de criação industrial merecem maior proteção.
Especialistas avaliam que, além de afetar países membros, a regra vai alcançar também importações de países de fora da União Europeia, como é o caso do Brasil.”Essa mudança de postura já vem sendo indicada há tempos. E o peso do bloco como grande importador global de alimentos e produtos de origem animal é enorme. É o poder de barganha do comprador ditando padrões, o que neste caso é positivo. O Brasil tem um papel importante nesse movimento, pois exportamos diversos tipos de proteína animal. Nos casos de ovos e suínos, mostra que as mudanças precisam ser transformativas para avançarmos como um grande ator na alimentação global sustentável”, avaliou José Rodolfo Ciocca, gerente de Agropecuária Sustentável da Proteção Animal Mundial no Brasil, ao portal Avicultura Industrial.
Pesquisas já revelaram que animais criados em ambientes de alto bem-estar proporcionam alimentos de melhor qualidade, são mais saudáveis e necessitam de menos medicamentos. Isso reduz riscos de aumento da resistência antimicrobiana e o surgimento de bactérias multirresistentes.
Países como Suíça, Noruega, Alemanha e Grã – Bretanha já debatem o assunto já a alguns anos. Na América Latina algumas das maiores granjas de ovos já adotam o sistema cage free, ou de galinhas livres de gaiolas. É o caso do Chile e do Brasil.
ciwf