Em meio a um cenário de demanda externa aquecida e menor oferta em vários países produtores por conta de condições climáticas adversas, o preço do café negociado no mercado bateu seu recorde histórico durante o ano de 2021.
O preço do café na Bolsa de Nova York (Nyse) encerrou dezembro passado cotado a US$ 226,10 (R$ 1.273), com uma alta próxima de 76% em comparação ao fechamento de 2020, segundo dados da Bloomberg.
Ao longo do segundo semestre, ondas de frio intenso trouxeram impacto tanto para plantações quanto para o bolso de consumidores no país. É que a temperatura em queda livre no período, acompanhada de geada, pode causar estragos no campo e, assim, tende a pressionar preços de produtos cultivados em parte do Sul e do Sudeste.
Café, hortaliças e frutas integram a lista de mercadorias que ficam mais caras em caso de novos prejuízos nas plantações.
“O fenômeno aumenta exponencialmente o desafio dos produtores rurais em manter o nível de produtividade no campo e o planejamento de negociação dos alimentos. Culturas como café, milho, cana-de-açúcar, trigo, banana e mandioca podem ser as mais prejudicadas com a chegada dessa frente fria”, apontou nota divulgada pela Faesp (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo).
O pesquisador Felippe Serigati, do centro de estudos FGV Agro, ressaltou que as temperaturas em queda trazem preocupação para o campo. Caso haja perda em lavouras, o impacto certamente chegará aos consumidores, disse o especialista.
“Esse efeito nos preços não chega às prateleiras dos supermercados imediatamente, mas chega. O impacto tende a ser mais rápido naqueles produtos de ciclo mais curto, como hortifrúti”, afirmou o pesquisador.
A safra de café do Brasil em 2021 foi estimada no final de dezembro em 47,7 milhões de sacas de 60 kg, ante 46,9 milhões no levantamento divulgado em setembro, apontou a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que elevou a previsão citando produtividade acima do esperado.
“O quarto levantamento trouxe leve incremento da produtividade em relação ao anterior, fruto da percepção dos produtores de que as geadas causaram um impacto menor que o esperado, particularmente nas áreas onde já havia iniciado o processo de colheita”, disse a Conab.
Ainda assim, a Conab apontou uma queda de 24,4% na produção de café do país em 2021 ante o recorde de 2020. O ano de 2021 foi o de baixa no ciclo bianual do café arábica, situação que foi acentuada pela seca prolongada.
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