Além da polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula, a corrida pelo Palácio do Planalto revela uma briga acirrada entre candidatos que se colocam na parte de baixo da ‘pirâmide’ eleitoral.
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) e o governador de São Paulo (PSDB-SP) amargam essa frustração na briga pela lanterna das pesquisas de intenções de voto até agora divulgadas por vários institutos.
A representante do MDB sul-mato-grossense no Congresso Nacional oscila entre 0,5% e 1%, enquanto o governador tucano tem entre 2% e 3%, segundo o mais recente levantamento do Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas), divulgado na quinta-feira (27).
O instituto atesta que Doria tem rejeição de 59% e é conhecido de 90% do eleitorado, enquanto Simone tem rejeição de 35% e conhecimento de 52% entre o eleitorado brasileiro.
Os números, no entanto, revelam apenas o cenário político atual, o que pode naturalmente ser revertido até o dia do pleito. Foi assim com o ex-presidente Fernando Collor de Melo, hoje senador pelo PTB de Alagoas, e com o atual presidente Bolsonaro, que iniciou sua campanha com índice baixo.
Na tentativa de mudar o cenário eleitoral do país, Simone busca apoio entre outros grupos políticos.
Na última quinta-feira (27), a emedebista reuniu-se com o ex-presidente Michel Temer (MDB-SP), com quem delineou planos políticos visando arregimentar adesões ao seu palanque.
A “ponte para o futuro”, documento que conduziu o governo Temer após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016, será o ponto de partida para as propostas da senadora.
A agenda tem um foco na política para as mulheres, em que Tebet irá tentar envolver a ex-senadora Marta Suplicy, atual secretária municipal de Relações Internacionais de São Paulo.
Na próxima semana, a agenda será com o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), para discussões sobre mobilidade urbana.
Mais de 20 dos 27 diretórios estaduais do MDB têm demonstrado apoio à Simone, conforme o portal CNN. Os entusiastas da candidatura própria buscam também adesões em alas de outros partidos da chamada terceira via, como o PSDB e o União Brasil.
Ninho tucano
A conversa com Temer envolve uma investida em uma ala do PSDB, liderada pelo José Aníbal (PSDB-MS), que neste sábado (29) defendeu a candidatura de Simone à Presidência da República, provando desta forma uma divisão interna do ninho tucano.
A ideia da própria senadora é buscar adesão do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), que até hoje não digeriu o resultado das prévias do PSDB que apontou vitória de Doria.
Para analistas, isso certamente provocará um racha no partido e uma preocupação a mais para os planos do governador paulista que se esforça para emplacar a sua candidatura e sair definitivamente da parte de baixo da tabela eleitoral.
União
Por outro lado, as pré-candidaturas emedebista e tucana têm enfrentado pressões de alas dos dois partidos para que se unam em uma candidatura única ou deixem a disputa. Com desempenho considerado fraco nas pesquisas até agora, Simone e Doria chegaram a conversar no mês passado, mas ainda não há uma definição sobre eventual aliança.
O próprio Temer é um dos que tentam atrair Doria para a campanha da correligionária. Em dezembro, ele esteve com o governador Eduardo Leite.
Há dias, foi a vez de o ex-presidente receber o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que, segundo relatos de integrantes do PSDB e do MDB, disse que Simone pode ser “uma surpresa positiva” na corrida eleitoral.
O parlamentar foi um dos apoiadores de Simone quando ela tentou ser presidente do Senado, no início de 2021.
col