PT busca apoio do PSDB após desistência de Doria

A saída do ex-governador paulista João Doria da corrida presidencial não representa necessariamente que o PSDB vá fechar com a pré-candidata do MDB, Simone Tebet — que representa a terceira via até agora — nem que os integrantes do partido se dividirão entre a senadora e o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Pelo menos não naquilo que depender do PT, que se organiza para trazer os rivais históricos para perto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na última reunião do conselho político da chapa que será lançada à disputa do Palácio do Planalto, o tema principal foi a formação de alianças fora da esquerda — e o PSDB tem um espaço importante nessas coligações.

O Correio apurou que um dos principais diálogos dos petistas tem sido com o próprio Doria. Depois da reunião do conselho da chapa de Lula e Geraldo Alckmin, a presidente nacional do partido e deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) afirmou que o nome do ex-pré-candidato tucano não está vetado. Disse, ainda, não ser contra “ninguém que se coloque nesse campo democrático”.

A aproximação entre petistas e tucanos está sendo feita aos poucos e com cuidado para não queimar etapas. O primeiro a dar sinal de que os dois partidos podem entrar em um entendimento partiu do ex-senador e ex-chanceler Aloizio Nunes Ferreira, que declarou publicamente voto em Lula. Além disso, Alckmin é considerado um nome importante na estratégia de promover maior interação com os tucanos. Além disso, o próprio Doria disse que o ex-presidente “não é Bolsonaro, é inteligente e tem passado”.

Mas há resistências dentro do PT à essa aproximação com os tucanos e, sobretudo, com o ex-governador de São Paulo. Há um grupo que, pragmaticamente, defende o diálogo por considerar que não se pode prescindir de chamar o PSDB para perto, sobretudo pela história do partido pela consolidação da democracia. Só que existem outros petistas que não querem nem pensar nessa possibilidade.

Publicamente, o secretário nacional de Comunicação do PT, Jilmar Tatto, defendeu a conversa com Doria. Afinal, o ex-governador tem influência sobre vários diretórios e foi com o apoio deles que venceu as prévias em novembro passado.

Já o ex-prefeito da capital paulista Fernando Haddad resiste à aproximação com o ex-governador, pois não esquece as hostilizações promovidas contra ele e Lula. Porém, de acordo com fontes da campanha, ele não se furtaria de conversar com outros nomes do PSDB.

Isso, aliás, é um consenso de uma ala do PT — que o diálogo seja feito com tucanos históricos. Parte desse convencimento está a cargo de Alckmin, que trabalha nos bastidores para aproximar os antigos correligionários. A interlocução seria feita com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Aloysio Nunes Ferreira e os ex-governadores Teotônio Vilela Filho (AL) e Marconi Perillo (GO).

 

(Com Correio Braziliense).

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