A alta dos preços dos fertilizantes e os impactos desse cenário no setor agropecuário foram discutidos em live promovida pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
O encontro contou com a moderação do assessor técnico da CNA, Thiago Rodrigues, e com a participação do engenheiro agrônomo e fundador da Veeries, Fábio Meneghin, e do analista setorial de Insumos Agrícolas do Rabobank Brasil, Bruno Fonseca.
“O objetivo foi mostrar o comportamento dos insumos nos últimos meses e como eles têm influenciado o dia a dia do produtor. Além disso, trazer uma visão setorial sobre os principais pontos que têm preocupado o setor, como o aumento dos preços dos fertilizantes e do diesel e os desembolsos com defensivos”, disse Thiago.
Vilão
Na live, o engenheiro agrônomo Fábio Meneghin afirmou que o fertilizante é o grande vilão dos custos de produção da próxima safra. “Os preços dos fertilizantes já estavam altos desde o ano passado. Com a guerra na Ucrânia, as matérias primas, principalmente o fósforo e o potássio, dispararam”.
Segundo Meneghin, historicamente o produtor rural brasileiro compra os insumos no primeiro semestre, pois é uma melhor opção de negócio. Entretanto, aqueles que fizeram essa operação, acabaram pagando mais caro. “O produtor preferiu garantir o fertilizante, do que correr o risco de ficar sem o produto”.
Fábio alertou que além dos fertilizantes, os fretes marítimos também sofreram aumento. No início da guerra, em meados de fevereiro, os fretes via China-Brasil saltaram de US$ 50,00 por tonelada para US$ 70/ton.
Em sua fala, o analista Bruno Fonseca destacou que apesar dos altos preços dos fertilizantes, o Brasil não corre risco de ficar sem o produto. “Mesmo com a guerra na Ucrânia, nós importamos no primeiro semestre 19,2 milhões de toneladas de fertilizantes, um aumento de 20% se comparado ao mesmo período do ano passado”.
Diesel
Para Bruno, os estoques de passagem estão maiores do que na safra 2021/2022, o que garante uma oferta de produtos para o início da safra em setembro. “Com a possibilidade de falta de insumos no início da guerra, muitos produtores começaram a se planejar melhor para comprar e utilizar os produtos”, disse.
Com relação aos preços do diesel no mercado interno, o fundador da Veeries explicou que no Brasil os preços estão mais caros do que no mercado internacional, mas reduzir os valores pode impactar na disponibilidade do combustível no país. “Nesse momento, a queda do diesel poderia estimular o consumo e teríamos um balanço apertado entre oferta e demanda, mas acredito que há possibilidade para redução dos preços na refinaria”.
Já o analista setorial de Insumos Agrícolas do Rabobank Brasil afirmou que o diesel impacta os custos de produção na propriedade e, principalmente o frete, mas que a política de preços é o que garante o suprimento no mercado interno.