Posição militar da China deixa o continente asiático em alerta

A presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, visitou Taiwan na última terça-feira (2), apesar da “ameaça de guerra” chinesa. A China havia advertido que o governo americano “pagaria o preço” se a autoridade visitasse a ilha.

As relações entre a China e Taiwan são difíceis desde a sua separação, em 1949, mas Pequim reivindica a ilha como parte de seu território.

A situação pode ser comparada com o que ocorre na Ucrânia, que foi invadida pela Rússia, em 24 de fevereiro, dias após Vladimir Putin reconhecer a independência de duas áreas separatistas pró-Rússia do território ucraniano, autodenominadas República Popular de Donetsk e República Popular de Luhansk.

Na opinião do economista Igor Lucena, doutor em relações internacionais pela Universidade de Lisboa, mais do que apontar semelhanças, é preciso entender que há uma clara relação entre a tensão política entre as potências mundias com a guerra na Ucrânia.

“A partir do momento que a visita foi oficializada, que o governo de Pequim foi contra, mostrou sua indignação, e a Rússia apoiou a China, isso mostra mais uma vez um alinhamento das decisões de Pequim e de Moscou”, explica o especialista.

Pequim foi contra as sanções impostas em relação à Rússia e se absteve de condenar, do ponto de vista político, a invasão à Ucrânia. Em razão disso, Moscou retribui apoiando unilateralmente a política da China sobre Taiwan.

“Há uma clara visão de que o bloco sino-russo estará unido, de todas as formas, nas defesa dos interesses dos dois países”, pontua Lucena.

Do ponto de vista histórico, o economista lembra que tanto a Rússia quanto a Ucrânia eram uma só nação, mas com movimentos, sentimentos e sistemas políticos diferentes. A União Soviética tinha essas nações e outras regiões que se dividiram ao longo da história quando ocorreu a queda do Estado socialista.

Por outro lado, a China Continental e Taiwan só estiveram unidos durante o período do Império Chinês. Em 1949, quando ocorre uma guerra civil, os comunistas, liderados por Mao Tsé-tung, assumem o poder do país e os nacionalistas, liderados por Chiang Kai-shek, fogem para Taiwan.

“Do ponto de vista da República Popular da China, não há um paralelo de união, a República Popular da China nunca teve a ilha de Taiwan como uma parte do seu território. Agora, quando a gente faz todo um histórico relacionado ao Império Chinês, sim, eles foram juntos durante um período. Então, de fato, existem paralelos que são similares do ponto de vista histórico”, relata Lucena.

 

 

reuters/r7

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *