DEAM cumpre mandato de busca e apreensão na Prefeitura de Campo Grande

A Polícia Civil, através da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), cumpriu um mandado de busca e apreensão na manhã desta terça-feira (9) na Prefeitura de Campo Grande. A ação faz parte de investigação iniciada após denúncias de assédio sexual, crime supostamente cometido pelo ex-prefeito da Capital e candidato ao Governo do Estado, Marquinhos Trad (PSD).

Segundo a delegada Maíra Pacheco, que comanda as investigações, dois CPUs de computadores foram apreendidos, além de documentos. A delegada explicou que equipe de perícia foi até a Prefeitura, já que como possível local de crime, o prédio deveria passar por perícia. Maíra ainda falou que foi feito o reconhecimento do local pelas autoridades policiais.

Os policiais foram até o 1º andar, onde fica o setor de finanças, e no 2º andar, onde está o gabinete ocupado pelo então prefeito. A delegada disse que foram apreendidos elementos que “julgamos ser pertinentes à investigação”. Maíra afirmou não poder dar mais detalhes, já que a investigação está em sigilo.

Durante a ação, pelo menos 50 funcionários do município ficaram fora do prédio da Prefeitura em razão dos trabalhos feitos pela Polícia Civil, que impediu a entrada dos servidores.

A Polícia Civil instaurou inquérito policial para apurar os casos no último dia 5 de julho, mas a ocorrência é de 2020. O inquérito policial trata dos crimes de estupro, favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual, assédio sexual, importunação sexual, perseguição, posse sexual mediante fraude e vias de fato.

Procurado pela reportagem, o ex-prefeito Marquinhos Trad não atendeu as ligações até a publicação deste texto. A assessoria de imprensa de Marquinhos também foi contatada pela reportagem, mas não houve retorno.

Denúncias de assédio sexual

Após o primeiro registro feito por uma das vítimas, na Corregedoria da Polícia Civil, no mês passado, outras mulheres procuraram a Deam para fazer denúncias de assédio. Em coletiva no dia 26 de julho, a delegada do caso, Maíra Pacheco, afirmou que a informação de suposto pagamento feito às mulheres para registrarem denúncias não consta no inquérito, mas conforme a delegada tudo seria investigado e caso seja provado que as mulheres tenham recebido dinheiro, elas podem responder por falso testemunho. O crime tem pena de 2 a 4 anos, além de multa.

“Mas, não diminui outras denúncias das outras vítimas que procuraram a delegacia”, disse Maíra Pacheco. Ainda segundo a delegada, sobre as denúncias de assédio sexual, em “crimes como esse, a única materialidade são os relatos das vítimas. Temos de ter respeito em um país patriarcal”.

Na época, a delegada ainda explicou que outras pessoas estavam sendo investigadas, mas não revelou por quais crimes e nem a quantidade de suspeitos. O inquérito deve ser concluído em 30 dias. Não existe ainda previsão de quando Marquinhos Trad deve ser ouvido.

‘Festinha’ no interior com mulheres, delegado e empreiteiros

A mulher que denunciou o ex-prefeito relatou em sua denúncia que em 2021 recebeu uma mensagem sendo convidada para ir ao Aeroporto Santa Maria, em Campo Grande, de onde seguiriam para uma fazenda no interior para participar de uma festa.

Ela e as outras vítimas envolvidas no processo voaram em uma aeronave particular até a propriedade rural. Na festa citada pela vítima, estariam pessoas ligadas a Marquinhos Trad, como um delegado da Polícia Civil, que teria agredido a mulher com um tapa no rosto durante a ‘festinha’, dois empreiteiros e outros servidores públicos.

Ela contou que depois ele se desculpou e que não recebeu outras ameaças. A festa teria sido regada a drogas e bebidas alcoólicas e as mulheres chegaram a receber dinheiro ao voltarem para Campo Grande.

Apesar de citar que teria conhecido o empreiteiro que promoveu a festa através de Marquinhos, no depoimento a mulher diz que o então prefeito não participou da ‘farra’.

 

 

mdx

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