Primeiro transplante de medula óssea do Estado é realizado na Cassems

O Hospital Cassems de Campo Grande realizou o primeiro transplante de medula óssea de Mato Grosso do Sul. O procedimento de alta complexidade ocorreu pela manhã e foi conduzido pela equipe médica multidisciplinar da unidade hospitalar e representa um enorme avanço para a saúde de Mato Grosso do Sul.

“Graças ao empenho da nossa equipe do Hospital Cassems de Campo Grande, realizamos hoje o primeiro transplante de medula óssea de Mato Grosso do Sul. Esta é uma vitória que tem a assinatura de todos os servidores públicos do nosso estado”, comemora o presidente da Cassems, Ricardo Ayache.

O primeiro paciente a receber o transplante está em tratamento oncológico desde 2020 e já havia realizado a quimioterapia conforme explica a responsável técnica pelo transplante de medula óssea e médica hematologista no Hospital Cassems de Campo Grande, Soraia Romanini. “Esse paciente tem o diagnóstico de mieloma múltiplo, fez a quimioterapia e neste caso específico desde que recebeu o diagnóstico já tinha a indicação do transplante desde o diagnóstico”.

O procedimento 

Romanini explica que o procedimento realizado na unidade hospitalar é chamado autólogo e é constituído por fases, por isso, não existe um ato cirúrgico. Na primeira fase o paciente é condicionado, ou seja, recebe medicações para aumentar o número de células hematopoiéticas que estão circulando no sangue dele.

“Essas células posteriormente são coletadas em um procedimento que nós chamamos de aférese, e é como se as células troncos fossem filtradas por um aparelho que se assemelha ao aparelho de hemodiálise, mas é um aparelho específico para coletar essas células tronco”, diz a médica hematologista.

Depois da coleta as células são congeladas e o paciente passa por uma quimioterapia muito agressiva que vai tratar efetivamente o mieloma. “O mieloma múltiplo é uma doença muito difícil de ser controlada com a quimioterapia convencional por isso precisa desse procedimento E o transplante autólogo, é esse em que o paciente tem a medula coletada e ela vai servir como uma espécie de backup”, ressalta Romanini.

O paciente passa pela quimioterapia para destruir a medula óssea existente, e teoricamente, toda a doença que motivou a indicação do procedimento. “O que vai ser efetivo nesse procedimento é a quimioterapia que o paciente faz, que é muito agressiva, e a medula óssea ela funciona como esse backup, eu retiro, congelo, guardo essa medula, faço uma quimioterapia bem agressiva e posteriormente, o paciente recebe a própria medula congelada para voltar a repovoar a medula óssea e a ter novamente uma medula óssea em funcionamento”.

A médica hematologista explica ainda que da coleta de célula tronco e a realização da quimioterapia em altas doses se o paciente não receber essa medula óssea que foi congelada ele tende a ficar num estado que a gente chama de aplasia que pode evoluir até para óbito caso não recebesse suas células.

O médico oncologista pediátrico da Cassems, Renato Yamada, também acompanhou o primeiro transplante de medula óssea realizado hoje e falou sobre a importância do procedimento para o estado. “Então, esse momento é muito importante para a gente, nesse momento a gente está infundindo a célula tronco do paciente novamente, depois do processo que a gente chama de condicionamento, e a gente chama isso de transplante autólogo. Mas é um momento muito especial para a gente pela conquista da população em geral que vai se beneficiar disso, e a gente fica muito feliz, não só como especialista”.

Próximas etapas

Depois que o paciente recebe a medula óssea, como aconteceu hoje, demora em média 14 dias para que a medula óssea transplantada volte a funcionar plenamente. A médica responsável técnica pelo transplante de medula óssea, Soraia Romanini, explica como é feita a primeira avaliação. “Depois que ele tiver três dias consecutivos de segmentados, que é um tipo de célula do sangue acima de 500, a gente diz que a ‘medula pegou’ então depois de cerca de 14 dias que eu vou ter a eficácia do transplante comprovada”.

Durante esse período o paciente fica em um processo de extrema vulnerabilidade do sistema imunológico e sob cuidados da equipe multidisciplinar. “Ele fica com leucócitos praticamente zerados e muito dependente de transfusões de concentrados de hemácias e plaquetas, e fica com uma alta possibilidade de ter anemia severa e ter quadros infecciosos muito graves. Por isso ele fica num ambiente de isolamento e ele fica num setor com cuidados intensivos para ele. O que a gente espera é que com 14 dias a medula óssea volte a funcionar e que ele fique livre de riscos e a gente volte a afirmar o sucesso do procedimento”, esclarece a médica hematologista.

 

 

cassems

 

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