A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, entregou, na noite desta quarta-feira (18), R$ 378 mil em crédito destinado à compra de material de construção para 63 famílias das comunidades indígenas urbanas Estrela do Amanhã e Nova Cannã, localizadas no Jardim Noroeste em Campo Grande. As famílias receberam cartões do Credihabita, no valor de R$ 6 mil cada uma. O ato, que integra o calendário de festividades dos 123 anos da Capital, aconteceu no mês em que se comemora o Dia Internacional dos Povos Indígenas da América, celebrado no último dia 9 de agosto.
O programa oferece às famílias contempladas o suporte de técnicos especializados em habitação de interesse social. “O Credihabita é uma ajuda inicial do município para que construam suas casas, proporcionando mais conforto e segurança a toda a família”, destacou a prefeita. Ela reafirmou o compromisso de continuar trabalhando para melhorar as condições de vida das comunidades indígenas urbanas.
Natália Aparecida Freitas de Andrade, de 25 anos, foi a primeira beneficiária a chegar ao evento. Casada, mãe de 4 crianças, estava ansiosa para receber seu cartão Credihabita. “Ainda moramos em barraco. Com esse cartão, vamos poder comprar tijolos, areia, pedras e ferragens para começar a nossa casa”, relatou, entusiasmada.
A mãe de família ainda tem viva a lembrança dos tempos difíceis que sua família e vizinhos enfrentaram. “Antes da regularização, os barracos eram muito juntinhos. Quando chovia, as fossas enchiam rápido”. Um episódio especificamente a marcou, quando a fossa do vizinho transbordou e os resíduos invadiram o barraco onde morava. “Foi uma situação desesperadora’, lembrou.
Antes mesmo de receber o cartão do Credihabita, Natália e o marido já começaram a pesquisar em busca de preços mais baratos dos materiais de construção. “Mudamos a nossa mentalidade e até matriculamos as crianças em projetos na comunidade, como aulas de balé, curso de informática e canto. Nossa vida está mudando”, contou confiante.
A líder da comunidade, Dalva Cáceres, 44 anos, comemorou o recebimento dos cartões que para ela é uma conquista da comunidade para a nação terena. Ela, o marido e os três filhos estão na área há 13 anos. Dalva fez questão de enfatizar que a luta pela moradia digna iniciou após uma reunião determinante, em que participaram 26 mulheres indígenas da localidade.
“Naquele dia, nós elencamos diversas questões que tínhamos que resolver na comunidade. Mas decidimos focar em apenas uma: a moradia digna. E a partir de então, todas as famílias do Estrela do Amanhã lutaram conosco”.
Respeito às nações indígenas
Campo Grande foi a primeira cidade do país a regularizar uma comunidade indígena pela Lei nº 13465/2017 (Loteamento Novo Dia). No caso do Estrela da Amanhã, a Amhasf identificou os pontos de vulnerabilidade na comunidade indígena, que precisavam ser resolvidos com urgência. Ao realizar a regularização fundiária, constatou-se que a área não comportaria as 63 famílias, sendo que 16 delas foram reassentadas em local próximo, originando outra comunidade-filha, a Nova Canaã.