O governo do Canadá solicitou aos agricultores que reduzam a aplicação de fertilizantes para conter a emissão dos gases de efeito estufa, o que revoltou alguns produtores e aumentou as preocupações com uma escassez global de alimentos. “Estamos realmente comprometidos com a luta contra as mudanças climáticas”, disse a ministra da Agricultura do Canadá, Marie-Claude Bibeau.
O governo do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, está propondo uma redução nas emissões de gases de efeito estufa de 30% até 2030, em relação aos níveis de 2020. O setor agrícola do Canadá é responsável por cerca de 10% do total de emissões, segundo estatísticas do governo canadense. Quase 20% delas vêm de fertilizantes, que liberam óxido nitroso, um gás que é quase 300 vezes mais intensivo em gases de efeito estufa do que o dióxido de carbono.
Alguns agricultores dizem que o plano pode forçá-los a usar menos fertilizantes e reduzir o rendimento das colheitas, o que prejudicaria a capacidade do Canadá de aliviar uma crise alimentar global desencadeada pela guerra na Ucrânia. A proposta também foi criticada pelas províncias de Alberta e Saskatchewan, onde grande parte dos grãos do Canadá é cultivada. Em um comunicado conjunto divulgado no mês passado, os governos provinciais expressaram sua “profunda decepção” com a meta de redução, que chamaram de “arbitrária”.
Os agricultores que não cumprirem as recomendações canadenses não sofrerão nenhuma consequência, disse a porta-voz do Departamento de Agricultura, mas não serão contemplados com um subsídio de 1,5 bilhão de dólares canadenses em ajuda financeira para a compra de equipamentos agrícolas.
O Canadá é um grande produtor de trigo e um dos maiores exportadores mundiais de leguminosas, como ervilhas e feijões. O país também é um grande produtor de potássio, fertilizantes e derivados da canola. Após a invasão russa na Ucrânia, a demanda por safras canadenses aumentou em países como Turquia, Argélia e Tunísia. As fazendas venderam 23,3 bilhões de dólares canadenses, o equivalente a US$ 18 bilhões, em grãos, carnes e laticínios durante os primeiros três meses deste ano, um salto de 17,6% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo estatísticas do governo.
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