Candidato ao Senado pelo Partido Social Democrático (PSD), o ex-juiz Odilon de Oliveira, entrou com um pedido para que a Justiça Eleitoral abra uma investigação judicial por suposto abuso de poder contra a também concorrente Tereza Cristina Dias, que é postulante ao mesmo cargo pelo Partido Progressista (PP).
O outro candidato ao Senado, Luiz Henrique Mandetta, já havia ingressado contra Tereza pelo mesmo motivo na semana passada.
Mandetta e Tereza foram ministros da gestão do presidente Jair Bolsonaro, hoje no PL. O primeiro comandou o ministério da Saúde; Tereza, o minitério da Agricultura.
De acordo com o pedido do do ex-juiz, no dia 29 de agosto deste ano, em plena campanha eleitoral, a candidata teria ido à entrega de um trecho da rodovia BR 419/MS, no norte de Mato Grosso do Sul. Inclusive, Tereza postou um vídeo nas próprias redes sociais.
Durante a filmagem, a progressista aparece em um avião e está acompanhada do Ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio. Um pouco antes do vídeo, a candidata publicou em seu Facebook que estava acompanhando o titular da pasta para uma vistoria na obra de pavimentação.
Contudo, aponta o ex-juiz, a visita à obra não foi apenas para verificar seu andamento ou outros aspectos, mas sim, para entregar o trecho do asfalto que foi finalizado do lote 1 da rodovia.
Além disso, a acusação também aponta que a candidata andou no helicóptero do Ministério, o que também é vetado por lei. Um vídeo postado nas redes sociais do prefeito de Bandeirantes, Edervan Gustavo Sprotte, mostra o momento em que a ex-ministra sai da aeronave que compartilhou com o ministro.
“[…] o vídeo, ora anexado, mostra claramente a investigada descendo do helicóptero, não havendo qualquer possibilidade de negar o fato.
O candidato do PSD ainda afirma que Sprotte, o prefeito de Bandeirantes, pediu voto para Tereza Cristina que, por sua vez, participou de forma ativa na cerimônia de entrega do trecho da rodovia, postando diversas fotos e vídeos do evento nas suas redes sociais.
“A investigada praticou conduta vedada ao viajar em bem móvel pertencente à Administração Pública para inauguração de obra pública, em plena campanha eleitoral, fazendo questão de divulgar os atos na sua página do facebook visando captar votos dos eleitores, desequilibrando o pleito, assim como a igualdade de oportunidades entre os demais candidatos”, conclui a acusação.
OUTRO LADO
Valeriano Fontoura, advogado que defende Tereza Cristina, disse que a candidata foi notificada quanto à apelação do ex-ministro Mandetta.
Fontoura negou que Tereza tenha participado de “inauguração de obra”, ato proibido pela regra eleitoral.
O defensor confirmou que a ex-ministra acompanhou o ministro Marcelo Sampaio (Infraestrutura) até trecho da estrada que liga Aquidauana a Rio Verde de Mato Grosso.
Contudo, acrescentou Fontoura, o ato não se tratava de inauguração e, sim de uma vistoria. Para ele, o evento consistia numa visita a um “trecho em execução, que ainda não liga nada a nada”, portanto, “não havia público”, a não ser prefeitos e vereadores da região.
Tereza, seguiu o defensor, nem sequer discursou na cerimônia. O comentário do advogado Valeriano Fontoura tem a ver com o pedido do candidato Luiz Henrique Mandetta.
Quanto ao pedido do ex-juiz, a candidata ainda não foi notificada, afirmou o defensor da ex-ministra.
No evento em que Mandetta contesta à presença de Tereza, estavam além de prefeito, vereadores, também o senador Nelsinho Trad, do PSD.
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