A campanha de vacinação contra a poliomielite encerra na sexta-feira (30) após ser prorrogada no início do mês no país. Em Mato Grosso do Sul, 56% das crianças se vacinaram contra a doença e pais ainda têm tempo para levar os filhos nas unidades de saúde para garantirem a dose.
Conforme a SES (Secretaria Estadual de Saúde), até o momento, a cobertura vacinal é de 56,20%. Pouco se comparado com a meta nacional que é de 95%.
Em Campo Grande, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) divulgou que das mais de 55 mil crianças de 1 a 4 anos, apenas 11,4 mil se vacinaram. Ou seja, apenas 22,5% da meta da população nesta faixa-etária se imunizaram.
Em reportagem anterior, a Sesau revelou que, historicamente, a cobertura é superior a 90%, mas em 2018 e 2020 – anos que tiveram campanha contra a poliomielite – houve quedas. Entretanto, a vacina é inserida no calendário de rotina.
Em 2018, com a campanha, a cobertura vacinal contra a poliomielite estava em 94,24%, porém, em 2020 – primeiro ano da pandemia – caiu para 60,24%. Foram 44.858 e 28.983 crianças imunizadas naquelas campanhas, respectivamente.
A campanha de vacinação contra a pólio foi prorrogada em 8 de setembro até 30 de setembro, próxima sexta-feira (30). A SES informou que não tem informações se deverá ser prorrogada novamente e que medida depende do Ministério da Saúde.
As doses estão disponíveis em todas as unidades de saúde dos municípios. Em Campo Grande, basta procurar uma das 73 unidades básicas e de saúde da família.
Nível Brasil Pelo menos 500 mil crianças no País não foram vacinadas contra a poliomielite. Esse número alto de pessoas sem proteção contra a doença levou a Opas (Organização Panamericana de Saúde) a incluir o Brasil na lista dos oito países da América Latina com alto risco de volta da infecção.
De acordo com a Opas, braço da OMS (Organização Mundial de Saúde) na América Latina, as baixas taxas de vacinação nesses países são um perigo para todo o continente. A região não registra um único caso da doença desde 1994.
O Brasil, que já teve uma cobertura de 95% da vacina da poliomielite, atualmente registra uma das mais baixas de sua história, 67%, segundo o pesquisador Akira Homma, assessor científico sênior de Biomanguinhos, da Fiocruz. Ele foi um dos responsáveis pela erradicação da doença no País na década de 1980.
“Temos hoje no País 500 mil crianças que não foram vacinadas”, afirmou Homma, em entrevista ao Jornal Estadão. “Esse número é altamente preocupante, sobretudo porque estamos próximos de dois países de altíssimo risco de infecção, Haiti e Bolívia”, disse.
Grau de proteção Isso não significa que metade das crianças está totalmente vulnerável. Mesmo com os dois regimes incompletos, os menores têm algum grau de proteção. Do ponto de vista da saúde coletiva, no entanto, como explicou Homma, o ideal é que todas as crianças estivessem com os dois esquemas completos justamente para impedir a circulação do vírus e eventuais mutações.
A vacina injetável da pólio está disponível no Brasil desde 1973. Mas foi só nos anos 80, com a introdução da vacina oral e das campanhas nacionais de vacinação (o Zé Gotinha foi criado nessas ações), que a doença foi finalmente erradicada, em 1989. “Tínhamos a mobilização de toda a sociedade”, lembra Homma. “Chegamos a vacinar em um único dia 18 milhões de crianças.”
Em nota, o Ministério da Saúde informou que “monitora atentamente as coberturas vacinais e tem trabalhado para intensificar as estratégias necessárias para reverter o cenário de baixas coberturas”.
A pasta informou ainda que recomenda aos Estados, municípios e Distrito Federal que realizem a busca ativa para imunização contra a poliomielite e reforça a importância da manutenção das ações de vacinação de rotina. O ministério disse ainda que a divulgação de informações sobre a segurança e efetividade das vacinas como medida de saúde pública também fazem parte de ações realizadas durante todo o ano.
ses/ms