Pacheco e Lira se posicionam contra mudanças no judiciário

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) (Foto: Reprodução/TV Senado)

 

Os presidentes das duas casas do Legislativo federal afastaram, por ora, o risco da mobilização conduzida por aliados do presidente Jair Bolsonaro de ampliar o número de integrantes do Supremo Tribunal Federal, a fim de diluir o poder do Judiciário e ampliar a influência do Executivo na mais alta Corte de Justiça do país.

O presidente do Senado Federal, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), classificou a iniciativa como “incoerente”. “Todas as propostas devem ser respeitadas, mas me estranha muito neste momento estar-se discutindo um tema dessa natureza, ampliação da estrutura do Supremo Tribunal Federal. Me parece que isso é até incoerente com a lógica dos que defendem a redução das competências do Supremo. Me parece um momento inadequado para essa discussão”, afirmou.

O senador também mencionou que a mudança geraria mais gastos aos cofres públicos e defendeu que ministros e ex-ministros do STF sejam ouvidos sobre a medida. Portanto, me parece um momento inadequado para essa discussão. E algo que afete a estrutura do Supremo Tribunal Federal, é de bom alvitre também que se ouça ministros atuais, ex-ministros do Supremo, para saber o que verdadeiramente é bom para o país”, ponderou o presidente do Congresso.

Aliado de primeira hora de Jair Bolsonaro, o presidente Arthur Lira (PP-AL) deu a entender que não pretende levar a iniciativa adiante, por enquanto. “Este assunto, neste momento, não é adequado.

Precisamos discutir as propostas de cada candidato para o Brasil”, disse Lira, em entrevista ao portal UOL.

Em campanha no Rio Grande do Sul, Bolsonaro recuou, ontem, de suas declarações do fim de semana. Diferentemente do que afirmou na sexta-feira, disse que não cogita modificar a composição do Supremo. E criticou, mais uma vez, a imprensa. “Igual (quando) a imprensa falou que vou passar para mais cinco no Supremo. Eu falei que isso não estava no meu plano de governo Botaram na minha conta. Vocês que inventaram isso. Vocês é que digam”, emendou o chefe do Executivo em Pelotas (RS).

No domingo, em um sinal de contemporização, o presidente afirmou que poderia descartar a proposta de mudar o colegiado do Supremo se o tribunal “baixar a temperatura”.

O presidente Arthur Lira (PP-AL) (Foto: Marina Ramos/Câmara )

Base mobilizada

Se a cúpula de Brasília procurou reduzir a tensão institucional, a base bolsonarista no Congresso se mantém ativa. Ontem, ao Correio, o senador Carlos Portinho (PL-RJ), líder do governo no Senado, defendeu o aumento de ministros no STF. Chamou a medida de “aperfeiçoamento”. Segundo o parlamentar, o Poder Judiciário deve fazer uma “autocrítica”, afirmando que os membros “não estão em crise apenas com o Poder Executivo e Legislativo”, mas “estão em crise com a sociedade”.

“O poder legislativo é o poder competente para avaliar essas questões do aprimoramento do sistema judiciário e da própria legislação”, acrescentou Portinho.

Na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR) também se manifestou. “Os assuntos não nascem do nada. Por que estamos discutindo pesquisa? Porque os erros das pesquisas foram absurdos. Por que estamos discutindo o STF? Porque o STF tem arrastado nas suas prerrogativas”, declarou.

“Quem é o ator que está criando problema? É o Supremo Tribunal Federal. Então, gera-se uma reação a esses fatos. Quem está criando problema? Os institutos de pesquisa. Então, gera-se também uma reação a esses fatos”, completou.

Outro apoiador a defender a mudança é o ex-ministro e futuro senador Marcos Pontes (PL-SP). Segundo ele, a função do Senado é de fiscalizar o STF, mas sem persegui-lo. “O Senado tem obrigação de fiscalizar o STF, faz parte do equilíbrio dos poderes. Também é função do Senado manter que todos ministros trabalhem dentro do que é previsto e não extrapolam funções. Não é chegar e perseguir; é trabalhar com a lei”, disse.

Eleito para o cargo de senador em 2023, Magno Malta PL-ES), é crítico contumaz do Supremo. Em setembro, disse que “O chamado ativismo judicial só se deu, por causa do enfraquecimento do Senado. A proatividade dos ministros do STF não tem sido algo positivo no Brasil”. E emendou: “Por isso, o Senado é o único órgão capaz de frear o STF”. (Correio Braziliense)

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