Nas contas do diretor do Departamento de Saúde Animal do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Geraldo Marcos de Moraes, pecuaristas de Mato Grosso do Sul vão economizar cerca de R$ 95 milhões a partir de 2023, com a provável declaração do Estado como área livre de febre aftosa sem vacinação. Cada dose de vacina custa em média R$ 2,00 e o MS cumpre duas etapas anuais de imunização do rebanho contra a doença.
O assunto foi tema nesta quarta-feira, 23, do V Fórum PNEFA-MS (Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa em Mato Grosso do Sul), que reuniu no auditório da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS) lideranças ruralistas, técnicos e diretores da Iagro-MS, reresentantes do Mapa e do Senar-MS, para debater as atuais ações que estão sendo desenvolvidas para preparar o Estado para receber o certificado, a exemplo de outros estados como Acre, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rondônia, noroeste do Mato Grosso e parte do Amazonas.
Hoje, apenas 20% do rebanho brasileiro é declarado como livre da febre aftosa sem vacinação, cerca de 55 milhões de cabeças. Em relação a essa economia para o setor, a retirada da vacinação dos citados estados brasileiros já evitou gastos na ordem de R$ 1,23 bilhão, calcula o diretor do Mapa.
O último foco de febre aftosa foi registrado em abril de 2006 em Mato Grosso do Sul, com grande incidência registrada nas décadas de 70 e 80. Hoje, a doença está erradicada em todo o País. “A vacinação exerceu o seu papel”, resume Geraldo Moraes.
Para o secretário da Semagro-MS (Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Jaime Verruck, “o Brasil decidiu ser livre da febre aftosa. Tendo Santa Catarina como referência, o País foi organizado em blocos e a partir daí traçou-se um plano de ações estratégicas para finalmente reconhecer-se internacionalmente a pecuária pela sua qualidade”.
É unanimidade que com o reconhecimento do rebanho como livre de febre aftosa sem vacinação, a pecuária brasileira vai conseguir buscar novos mercados, mais competitivos, e alcançar o mesmo patamar dos grandes players do mercado mundial. Cerca de 30% do que é produzido pela pecuária brasileira ganha o mercado internacional.
Desafios
O maior desafio enfrentado pela defesa sanitária de Mato Grosso do Sul ainda é desenvolver ações na fronteira, para evitar o ingresso e o trânsito ilegal de animais. A fronteira seca do Estado, com Paraguai e Bolívia, demanda vigilância em cerca de 1.500 quilômetros.
Para isso a Iagro-MS esta investindo em infra-estrutura e tecnologia, além de melhorias no atendimento. uma sala de situação foi instalada na sede da agência sanitária em Campo Grande, onde com o uso de câmeras de vigilâncias em pontos estratégicos, drones, aviões e equipes em terra é possível monitorar com eficiência o trânsito de animais. “Esse controle evita o trânsito irregular de animais”, sintetiza o diretor da agência sanitária, Daniel Ingold, durante sua apresentação.
Ingold falou ainda sobre os programas de vigilância da Iagro, com destaque para o Programa de Vigilância Sanitária Agropecuária de Fronteiras Lobo Guará em Mato Grosso do Sul. Lançado no início do ano o Lobo Guará intensificou as ações de defesa, de controle, de fiscalização sanitária na fronteira, em especial em 13 municípios situados na região.
Fundo emergencial
Desde abril de 2021, o Fundefesa (Fundo de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul), já conta com R$ 4,7 milhões em conta para, numa emergência, ser utilizado em ações de combate e indenização de pecuaristas em caso da necessidade de abate sanitário.
fonte: iagro/ms