É preciso pacificar o país e deixar polarização para trás, diz Lewandowski

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski disse na tarde deste sábado (26) que a grande tarefa que o Brasil terá pela frente será a pacificação do país e a superação da polarização.

“Em primeiro lugar, acho que a grande tarefa que cabe a todos nós é pacificar o país”, disse ele durante o Fórum Esfera Brasil, evento com empresários realizado em Guarujá, litoral paulista.

 

“Superar a polarização que nós vivemos nos últimos anos, exacerbada pela campanha eleitoral, pelo período eleitoral, e também pelas mensagens de ódio e das fake news. Nós temos que deixar isso para trás e vivermos o novo momento”, continuou.

 

Lewandowski, que está próximo de deixar a corte, também defendeu a harmonia entre os Poderes e uma menor atuação do Judiciário no campo da política. Ao longo dos últimos quatro anos, Poder Executivo e Judiciário estiveram em tensão constante, frente a ataques e ameaças do presidente Jair Bolsonaro (PL).

“O segundo grande desafio que eu vejo é que é preciso restabelecer a harmonia entre os Poderes”, afirmou o ministro, frisando que é preciso que isso aconteça “sem, evidentemente, que eles percam a sua independência”.

 

“É preciso, a meu ver, despolitizar um pouco a jurisdição. É preciso que nem todos os problemas que são próprios da política sejam resolvidos pelo Poder Judiciário”, disse.

 

Em uma fala de cerca de dez minutos, Lewandowski elencou o que considera serem os dez principais desafios que aguardam o país, citando os mais variados temas, como reforma tributária, segurança pública e fortalecimento do SUS (Sistema Único de Saúde).

 

O magistrado será o primeiro a sair da corte e abrir vaga para nova indicação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele completa em maio 75 anos, idade em que os juízes precisam se aposentar compulsoriamente.

 

Mais cedo, o ministro do STF Luís Roberto Barroso também participou do evento, durante um painel sobre segurança jurídica e Constituição.

Ao ser questionado sobre o tema da mesa, o ministro disse que antes de mais nada, era preciso que o Brasil retomasse pressupostos civilizatórios.

 

“Mentir precisa voltar a ser errado de novo”, disse Barroso, que ao longo do governo Bolsonaro foi alvo da militância bolsonarista e do próprio presidente.

 

“As pessoas têm o direito de ter a opinião que quiserem, não têm o direito de criarem falsas narrativas, nem inventar falsidades sobre as pessoas de cujas ideias elas discordam.”

 

Neste mês, Barroso foi um dos ministros hostilizados por manifestantes bolsonaristas em Nova York. Com outros quatro ministros da Suprema Corte, ele participava de um evento promovido pelo Lide, grupo da família do ex-governador paulista João Doria, na cidade.

 

O grupo de bolsonaristas realizou atos em frente ao hotel onde estavam os ministros e nas proximidades do local do evento. Os magistrados foram xingados e precisaram de escolta.

 

Um vídeo do ministro dizendo “perdeu, mané. Não amola”, viralizou e causou revolta nas redes bolsonaristas. À coluna Mônica Bergamo, da Folha, o magistrado afirmou que a fala foi uma reação à violência sofrida.

 

 

folhapress

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