O primeiro caso da variante XBB.1.5 do coronavírus, considerada a mais transmissível até agora pela OMS (Organização Mundial da Saúde), foi identificado em uma amostra do vírus em São Paulo.
A amostra, que foi coletada em 9 de novembro de uma paciente de 54 anos de Indaiatuba (a 103 quilômetros da capital), foi sequenciada pela Rede de Saúde Integrada Dasa nesta quarta-feira (4).
Foi o único caso identificado de um total de 1.330 amostras sequenciadas no mês de novembro, e das quais 33 eram da sublinhagem XBB da ômicron.
Segundo José Eduardo Levi, virologista responsável pelo projeto de vigilância genômica da rede, apesar de ser o único caso identificado, é provável que ela já tenha se espalhado no estado. “A amostra foi coletada em novembro e agora só conseguimos fazer a identificação, então é provável que já tenha sim um aumento porque a circulação [das variantes] muda com muita rapidez com essas sublinhagens da ômicron.”
A Dasa disse que já comunicou à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo a identificação da cepa. Levi disse que o laboratório dispõe de um teste que ajuda a identificar algumas linhagens da ômicron por meio de uma técnica que investiga genes da proteína S (usada pelo vírus para entrar nas células) que, nestas variantes, sofreram deleção.
“Antes a gente tinha uma correlação de 100% das amostras com essa alteração confirmadas depois no sequenciamento genômico como sendo BA.5 [variante que possui essa alteração]. Já a XBB não tem essa mudança, e nós vimos que de 20% a 30% das amostras do Rio de Janeiro e de São Paulo de dezembro não apresentaram alteração”, afirmou.
Ainda de acordo com o virologista, não houve um aumento significativo da taxa de resultados positivos ou do número total de testes realizados na última semana, mas que isso pode mudar nas próximas duas semanas, quando os casos represados pelo final do ano podem surgir.
A XBB.1.5 é uma variante formada pela combinação de duas sublinhagens da BA.2. Ela carrega uma mutação que torna a sua ligação com as células humanas muito mais eficiente, fazendo com que a replicação seja mais veloz. Por isso, a sua presença em locais como nos Estados Unidos já é dominante frente a outras linhagens menos transmissíveis (mais de 40% das amostras são de XBB.1.5).
Segundo a OMS, ela já foi identificada em 29 países, porém é provável que dado esteja subnotificado devido à dificuldade em fazer o sequenciamento e à queda na realização de testes em todo o mundo.
Na última quarta (4), a epidemiologista e responsável pelo grupo de Covid da entidade, Maria van Kerkhove, disse que a XBB.1.5 acende um alerta para a possibilidade de uma nova onda global.
“Quanto mais esta variante circular, mais oportunidades terá de mudar, e com isso esperamos novas ondas de infecção em todo o mundo, embora ainda não tenhamos indicação sobre o potencial de gravidade ou quadro clínico”, afirmou.
dasa