Falar sobre violência nem sempre é fácil, ainda mais quando você é uma das vítimas. A complexidade começa com o fato de identificar-se como sofredor deste processo de violação de direitos, do medo de sofrer preconceito, de ser culpabilizada, incompreendida e responsabilizada pelo ocorrido. Buscar caminhos para refletir sobre esses aspectos e denunciar toda e qualquer manifestações de violência é extremamente necessário e é nesse contexto que surge o trabalho da Sala Lilás.
Com cerca de dois anos de trabalho na cidade, a Sala vem auxiliando muitas pessoas na luta contra todos os tipos de violência, principalmente a doméstica. Com uma equipe especializada de atendimento, o espaço conta com serviço de escuta e assistência avançada para avaliar e construir uma rede de apoio e suporte aos atingidos pelos processos violentos, que precisam ser examinados e superados.
Mais de 400 pessoas, entre crianças, adolescentes, mulheres e idosos passaram pelo local no último ano, seja para prestar queixa ou buscar orientação sobre o que está acontecendo dentro da própria casa. Ouvir, é um dos principais meios de comunicação empregados no início do atendimento e a assistente social Adriana Ananias, que presta esse serviço, comenta que é preciso compreensão, afeto, respeito ao tempo pessoal e sensibilidade ao lidar com essas situações de fragilidade.
A Sala Lilás está situada dentro da Delegacia de Polícia Civil, que tem como papel fundamental garantir a proteção e o cuidado necessário aos expostos à casos de violência. Conforme explicou o delegado Fábio Magalhães é necessária muita coragem das vítimas para colocar em palavras experiências dolorosas e assumir que elas realmente aconteceram; e é aí que entra o trabalho da Sala, como parte de entender e verbalizar essas vivências através do acolhimento.
Rosane Moccelin, secretária da pasta de Assistência Social e parceria na rede de acolhimento comentou sobre a importância desse trabalho. “Os dados de violência contra a mulher ou até mesmo contra idosos, por exemplo, não refletem ainda a realidade, pois há uma grande dificuldade em registrar denúncias; a Sala é um ambiente que oferece a segurança para que a pessoa possa transpor os desafios e os estigmas associados a violência, que muitas vezes é o que impede a procura de ajuda”.
“Hoje conseguimos apontar de forma concreta o quanto a Sala Lilás é fundamental e importante na luta contra a violência, não apenas aqui, mas em todo o Estado de Mato Grosso do Sul. Ela é uma grande conquista para o nosso município, agregando ainda mais à rede de proteção, possibilitando acolhimento, escuta, apoio e reinserção na sociedade através do atendimento especializado. Agradecemos e parabenizamos pelo serviço prestado”, finalizou a secretária.
Sala Lilás de São Gabriel do Oeste
A Sala foi criada em uma parceria entre Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, a Polícia Civil e Prefeitura Municipal através da Secretaria de Assistência Social, Conselho Municipal e Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, por indicação da então vereadora Rose Pires. No espaço, o público-alvo é acolhido e amparado por uma equipe multidisciplinar que auxilia e dá suporte contra a violência através dos seus serviços. Além do acolhimento, escuta, orientação, registro de ocorrências, a Sala Lilás também faz a investigação dos casos e a interlocução com outros órgãos de apoio.