O Grupo Petrópolis, que produz as cervejas Itaipava, Black Princess e Cacildis, entrou em recuperação judicial.
No pedido encaminhado à Justiça do Rio de Janeiro na segunda-feira (27), a companhia afirma ter dívidas em aberto estimadas em cerca de R$ 4,2 bilhões, das quais R$ 2 bilhões seriam derivadas de operações financeiras e de mercados de capitais, e R$ 2,2 bilhões com grandes fornecedores. Nessa última, haveria também operações de risco sacado.
A Petrópolis afirma não ter um passivo trabalhista relevante, nem dívidas expressivas com microempresas ou empresas de pequeno porte.
Além da recuperação judicial, a Petrópolis também pediu a concessão de tutela cautelar para suspender pagamentos já agendados para os próximos dias e semanas, bem como a liberação imediata desses valores, e para proibir a retenção de recebíveis futuros.
Segundo número apurados na sexta (24), a cervejaria previa ter que pagar, nas próximas semanas, R$ 215,7 milhões ao banco Santander; R$ 109,3 milhões ao Fundo Siena; R$ 47,5 milhões ao Daycoval; R$ 9,2 milhões ao BMG; e R$ 1,4 milhão ao Sofisa.
O pedido de recuperação judicial foi apresentado à Justiça pelos escritórios Galdino, Coelho, Pimenta, Takemi, Ayoub Advogados e Salomão, Kaiuca, Abrahão, Raposo e Cotta Advogados -os dois escritórios atuam em casos da recuperação judicial da Americanas, também em andamento na Justiça do Rio.
Os representantes da Petrópolis escreveram no pedido encaminhado à Justiça na segunda que o ajuizamento urgente foi necessário porque uma parcela bullet (quando os juros são cobrados de uma vez ao fim de um contrato) de R$ 105 milhões vencia naquele dia.
“Seu inadimplemento provocara o vencimento antecipado das demais operações existentes com a casa bancária, resultando na pronta liquidação dos recursos travados na conta vinculada e tentativa de apropriação dos recebíveis do Grupo Petrópolis que irão ingressar na referida conta nas próximas semanas”, diz o pedido.
A Petrópolis afirmou que sua crise de liquidez vem se agravando há cerca de 18 meses, quando registrou drástica redução de receita. De 31,2 milhões de hectolitros (1 hectolitro equivale a 100 litros) vendidos em 2020, a companhia fechou 2022 com 24,1 milhões de hectolitros comercializados, e 2021, com 26,4 milhões.
Além da Itaipava, o grupo fabrica e distribui as cervejas Petra, Cabaré , Black Princess, Crystal, Lokal,
Weltenburger, Brassaria Ampolis (com os rótulos Cacildis, Biritis, Ditriguis e Forevis). O portfólio inclui também as vodcas Blue Spirit Ice, Nordka e Cabare Ice, os energéticos TNT Energy Drink e Magneto, o refrigerante It!, o isotônico TNT Sports Drink e a água Petra.
A juíza substituta Elisabete Franco Longobardi, ao antecipar os efeitos da recuperação judicial, afirmou que a companhia demonstrou a urgência no pedido, uma vez que o grupo é “constituído por incontáveis empresas com grande relevância nacional”.
A administração judicial caberá à Preserva-Ação Administração Judicial e aos escritório de advocacia Zveiter, ambos do Rio de Janeiro e que também atuam no caso da Lojas Americanas.
folhapress