A indústria mineral sul-mato-grossense está passando por uma revolução silenciosa, mas poderosa, que promete transformar a forma como o setor lida com rejeitos de mineração.
Após os trágicos acidentes de Minas Gerais, as empresas de mineração estão buscando alternativas à tradicional barragem de rejeitos, e a tecnologia de filtragem e empilhamento a seco está emergindo como a solução do futuro.
A mineração verde e sustentável é uma abordagem do setor que busca reduzir os impactos ambientais e sociais associados à extração de recursos naturais.
Ela se concentra em práticas mais responsáveis e ecologicamente corretas, visando a conservação dos recursos naturais e o bem-estar das comunidades impactadas. Entre alguns aspectos importantes relacionados à mineração verde e sustentável: tecnologias mais limpas, eficiência energéticas, reabilitação de áreas mineradas e envolvimento com a comunidade.
Segundo o geólogo Alexandre Scheid, que presta consultoria a diversas empresas minerarias do Estado, a tecnologia de filtragem e empilhamento a seco está emergindo como uma resposta eficaz para a eliminação das barragens de rejeitos.
Este método inovador envolve a extração do excesso de água dos rejeitos, permitindo a formação de um material seco que pode ser empilhado ou disposto de maneira segura. Isso elimina a necessidade de grandes barragens, reduzindo significativamente o risco de acidentes catastróficos.
Empresas
As empresas MCR Mineração do Grupo J&F Investimentos, a MPP Mineração (4B Mining) e a 3A Mining, nos municípios de Corumbá e Ladário, já estão investindo na modernização das plantas de filtragens.
Segundo o engenheiro ambiental Rodrigo Dutra, da J&F Mineração e sua controlada, MCR (Mineração Corumbaense Reunida), as empresas seguem todas as diretrizes e metas do grupo J&F Investimento, adotando as melhores práticas operacionais e desenvolvendo projetos de sustentabilidade que contribuem para o desenvolvimento socioeconômico das regiões onde opera.
A meta da J&F Mineração é se tornar uma solução única e confiável para a cadeia de produção de um aço mais sustentável, viabilizando a redução significativa da emissão de gases de efeito estufa.
80% da produção das minas de Santa Cruz e Urucum é realizada através de processamento a seco, minimizando o uso de água e de barragens. Em julho de 2023, um novo sistema de filtragem, foi instalado, é eliminará por completo o uso de barragens. A médio prazo, o objetivo é que 100% da produção passe a ser a seco.
O principal produto da J&F é o granulado (lump) de minério de ferro. Pelo seu alto teor de concentração de ferro, é uma alternativa ecologicamente eficiente para a redução de emissão de gases de efeito estufa na produção de aço.
A redução de emissões gerada pelo granulado da J&F é da ordem de 70 kg de CO2 por tonelada de aço, quando em substituição ao aglomerado sínter, e de 60 kg de CO2 por tonelada de aço em substituição à pelota de minério de ferro.
A J&F também está desenvolvendo um novo produto, o ‘natural pellet’, para aplicação na rota de produção de aço, utilizando tecnologias de Redução Direta e forno elétrico entre 6% e 15% em relação à produção de aço utilizando 100% de pelota.
Para as próximas décadas, novos desenvolvimentos tecnológicos visam a substituição do gás natural pelo H2 verde, o que permitirá a produção do aço verde, isto é, neutro na emissão de CO2. O ‘natural pellet’ da J&F será um dos insumos para a produção do aço verde, destacou o engenheiro ambiental Rodrigo Dutra.
Em 2022, a MPP Mineração foi pioneira no Mato Grosso do Sul, na utilização desta tecnologia de filtragem e empilhamento a seco.
A transformação da industria mineral em Corumbá e Ladário está em pleno andamento, e a eliminação gradual das barragens é um passo muito importante na direção certa.
“A medida que mais empresas adotarem estas práticas inovadoras, o setor está se preparando para um futuro mais promissor e sustentável na nossa mineração”, informou Theotonio Reis, diretor da MPP Mineração Ltda.
SantaCruz/Tecno Information