Cotada para chefiar o Ministério das Relações Exteriores argentino sob Javier Milei, a economista Diana Mondino afirmou à agência de notícias russa RIA Novosti que seu país pretende “deixar de interagir” com os governos do Brasil e da China.
Declarações nesse sentido haviam sido feitas pelo próprio Milei diversas vezes ao longo de sua campanha. Sua justificativa para um eventual afastamento seria que os dois países —que são também os principais parceiros comerciais da Argentina— são comunistas.
Questionada sobre o tema pela Folha de S.Paulo em outubro, antes do primeiro turno, Mondino havia dito que era preciso separar “governo, Estado e iniciativa privada”.
Segundo ela, apesar de não desejar proximidade com as administrações de Brasília e de Pequim, a gestão Milei não imporia “nenhum empecilho para que as partes privadas dos países façam comércio entre elas.”
Ainda à RIA Novosti, Mondino afirmou que a Argentina não pretende se juntar ao Brics, a despeito do convite feito pelo grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul após sua cúpula mais recente, em agosto —o presidente eleito também havia se oposto à entrada de Buenos Aires no bloco durante a campanha.
“Não entendemos qual é o benefício para a Argentina neste momento. Se mais tarde descobrirmos que ele existe, vamos analisá-lo”, disse a economista. “Não sei por que existe tanto interesse no Brics.”
A China, que na segunda havia enviado a Milei uma mensagem amena de congratulação pela vitória no pleito, mudou o tom nesta terça-feira (21) ao comentar as falas de Mondino.
A jornalistas, uma das porta-vozes da chancelaria de Pequim, Mao Ning —a mesma que na segunda afirmou que seu país “sempre atribuiu grande importância” às relações com Buenos Aires— disse que o país sul-americano cometeria “um grande erro” caso decidisse cortar laços com os chineses.
reuters