De acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), de janeiro até agora, 212 pessoas morreram por suicídio em Mato Grosso do Sul. Destes, 71 eram jovens e 9, adolescentes.
Entre os indivíduos de 15 a 29 anos, o suicídio é a quarta causa de morte, ficando atrás apenas de acidentes de trânsito, tuberculose e violência interpessoal, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Dados da Secretaria em Saúde divulgado pelo Ministério da Saúde mostraram que entre 2016 e 2021 houve um aumento de 49,3% nas taxas de mortalidade de adolescentes de 15 a 19 anos, chegando a 6,6 por 100 mil, e de 45% entre adolescentes de 10 a 14 anos, chegando a 1,33 a cada 100 mil.
A Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul tem aprovado leis que reforçam a prevenção e a conscientização sobre o tema, como por exemplo, a Lei Estadual 5.483/2019, do deputado Antonio Vaz (Republicanos), que institui a Semana de Prevenção e Combate à Violência Autoprovocada: Automutilação e o Suicídio, que é realizada sempre a partir do segundo domingo de setembro.
“Antes mesmo da lei, tive a oportunidade de apoiar projetos sociais que acolhem pessoas nessas situações, desde crianças a pré-adolescentes e idosos. A Semana vem para abrir esse diálogo, orientar famílias, apoiar profissionais e mostrar que sempre existe saída, porque cada vida tem valor”, afirma o parlamentar.
Outras duas legislações importantes são de autoria da deputada Mara Caseiro (PSDB): a Lei Estadual 4.777/2015, que institui o Setembro Amarelo de Prevenção ao Suicídio em Mato Grosso do Sul, e a Lei Estadual 6.449/2025, que criou a campanha “Setembro Amarelo vai à Escola”, que incentiva atividades educacionais sobre prevenção à automutilação e ao suicídio.
“Precisamos falar abertamente sobre o tema, levando a discussão para além de palestras e audiências públicas, reverberando para fora dos muros institucionais”, destacou Mara.
Prevenção
Diversas instituições do Estado atuam na prevenção ao suicídio, como por exemplo o projeto de extensão da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), “Acolhimento em saúde mental: promoção da saúde e prevenção de autolesão e suicídio entre jovens”, coordenado pelo professor doutor Jeferson Camargo Taborda.
O projeto oferece atendimento de forma gratuita a jovens entre 13 e 24 anos em situação de vulnerabilidade social, seja através do Serviço-Escola de Psicologia da UFMS, ou pela plataforma Rede Pode Falar. Desde agosto de 2024, já foram atendidas 317 pessoas, sendo 225 atendimentos online e 92 presenciais.
Diálogo
A psicóloga clínica Thaís Marcela Mota, especialista em Comportamento Humano, explica que o diálogo dentro das famílias é um fator de extrema importância, já que as crianças, jovens e adolescentes têm sentido as emoções com mais frequência e sofrido mais com o mundo.
“O acesso à informação tem afetado muito a parte emocional, mas a ausência de diálogo é crucial. Os pais precisam conversar e procurar entender os filhos”, afirma.
Ela também alerta para os sinais de automutilação.
“Muitos jovens batem a cabeça na parede, se cortam, arrancam cabelos. É o início de um processo que pode culminar no suicídio. O ponto principal é ter empatia, saber ouvir e não desmerecer o que eles estão sentindo. Criar a prática da conversa pode mudar esse cenário”.
Busque ajuda
A saúde mental é parte integrante do Sistema Único de Saúde (SUS). Diversos serviços gratuitos estão disponíveis:
Unidades Básicas de Saúde (UBS): O primeiro passo é buscar atendimento com um clínico geral na UBS mais próxima, que pode encaminhar o paciente a um psicólogo ou psiquiatra.
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS): Esses centros oferecem atendimento especializado com equipes multidisciplinares e são organizados por faixa etária e demandas específicas, como o CAPS Infantil (CAPSi) e o CAPS para usuários de álcool e drogas (CAPSad).
Clínicas-Escola de Psicologia: Universidades que oferecem cursos de Psicologia dispõem de clínicas-escola, onde alunos supervisionados por professores realizam atendimentos gratuitos ou a preços acessíveis.
Centro de Valorização da Vida (CVV): O CVV disponibiliza apoio emocional 24 horas por meio do telefone 188 ou pelo chat online no site oficial.
*Com informações da ALEMS