Empresária envolvida ameaçou delatar ‘esquema’ do prefeito em Terenos

Esquema de corrupção envolvendo fraudes em licitações teve um episódio pitoresco, em Terenos. No meio da roubalheira, uma empresária envolvida ameaçou delatar os comparsas, inclusive o prefeito Henrique Bukde (PSDB), caso as exigências dela não fossem atendidas.

Segundo o Ministério Público Estadual, em dado momento da atuação da quadrilha, a empresária Vanuza Cândida Jardim chantageou os demais envolvidos. A investigação mostra que Vanuza enquadrou o empresário Sandro José Bortoloto. Ela considerava que ele lhe devia valores em razão da liberação de uma verba para pavimentação asfáltica da cidade. Após um desacerto com o prefeito, ameaçou revelar conversas comprometedoras que havia mantido com todos.

No rol dos ameaçados estavam o próprio prefeito e Valdecir Batista Alves, gestor de Desenvolvimento Rural da Agraer. Este também foi Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Agrário, Turismo e Meio Ambiente do Município de Terenos/MS. A investigação trouxe trechos do diálogo que Vanusa manteve com o ameaçado Sandro.

”Eu vou aproveitar que tá virando uma investigação grande em Terenos e vou entregar minha conversa com Henrique [prefeito], vou entregar as minhas conversas com o Valdeci, e ainda, Vou te dar 48 horas para resolvermos isto. Depois não precisa me procurar mais’’, anotou a empresária.

Sobre o prefeito Budke, Vanuza disse:

”Isto vou resolver com o Henrique e o MPF [Ministério Público Federal] paguei o compromisso dele, mas tenho certeza que custará mais caro para ele”, desabafou a também investigada na Operação Spotless, do Gaeco e Gecoc.

Valdecir

Valdecir tinha relação estreita com o investigado Sandro e articulou a aproximação entre o empreiteiro e o prefeito, logo após as eleições de 2020. Batista, diz a investigação, foi um dos pivôs da corrupção no serviço de dedetização de prédios públicos em Terenos. A articulação do acerto foi feita, inclusive, antes da licitação ser aberta. Ou seja, jogo de cartas marcadas.

O servidor público ganha R$ 15 mil por mês e, em uma de suas atuações em propriedades rurais para a Agraer, gravou vídeo justamente com o prefeito Henrique Budke. Os dois estão presos.

O espaço está aberto para manifestação dos envolvidos.

Prefeito e servidor foram presos

Prefeito teve prisão preventiva decretada (Foto: reprodução Gaeco e Instagram)

Operação 

Segunda fase da Operação Velatus, deflagrada pelo Gaeco na manhã de terça-feira (9). A investida foi de grande porte em Terenos e Campo Grande. A ação teve prisão do prefeito Henrique Budke (PSDB) e mais 69 mandados.

A autorização dos mandados de busca e apreensão foi dada pelo desembargador do TJMS, Jairo Roberto Quadros, relator da ação na Corte. O detalhe é que a residência do gestor foi vasculhada, assim como o gabinete dele na prefeitura.

Conforme apurado pelo TopMídiaNews, a movimentação de advogados já era grande minutos após as viaturas do Gaeco e do Choque começaram as buscas na cidade. Empresários, servidores públicos e – principalmente construtoras foram os alvos do grupamento do MPMS.

A determinação era recolher anotações, agendas, dispositivos como pen drive, celulares e computadores dos envolvidos. Também foi ordenada a apreensão de dinheiro – nacional ou estrangeira – no valor acima de R$ 2 mil.

 

 

 

 

 

 

 

 

topmidia

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