A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem, que prevê exigência de autorização do Congresso para processar criminalmente deputados e senadores, tem maior rejeição entre as mulheres e pessoas mais velhas, em Mato Grosso do Sul.
Pesquisa realizada do Correio do Estado em parceria com o Instituto de Pesquisa Resultado (IPR) apontou que 78,43% dos entrevistados discordaram da aprovação por parte dos deputados federais na PEC da Blindagem, enquanto 14,90% concordaram com a aprovação, 3,14% ficaram indiferentes e 3,53% não sabem ou não quiseram responder.
No recorte por sexo, o levantamento realizado pelo IPR/Correio do Estado mostra que as mulheres discordam da aprovação mais do que os homens, mas com pouca diferença percentual.
Das mulheres, 12,82% concordam com a aprovação da PEC, enquanto 79,49% discordam. Já entre os homens, 16,67% são a favor da aprovação e 77,54% discordam.
As mulheres também são maioria entre os indiferentes, sendo 5,13%, contra 1,45% de homens.
Faixa etária
No recorte por etária, o percentual de contrários à aprovação da PEC é maior entre a população com idade entre 45 a 59 anos, onde 88,89% discordaram da aprovação.
Na sequência, vem a população de 56 a 69 anos, com 81,48% de discordantes, seguida pelas pessoas de 25 a 34 anos (79,07%); de 35 a 44 anos (75%) e de 16 a 24 anos (73,91%).
As pessoas com mais de 70 anos são as que mais concordam com aprovação, com 21,59% a favor e 62,07% contrários.
A pesquisa tem margem de confiança de 95% e margem de erro de 4,8 percentuais para mais ou para menos.
Análise
De acordo com diretor do IPR, Aruaque Fressato Barbosa, conforme o resultado do levantamento, foi possível perceber que a grande maioria da população de Mato Grosso do Sul é totalmente contra a PEC da Blindagem.
“Quase 80% das pessoas que estão sabendo sobre essa PEC é contra pela velocidade com que ela foi conduzida e também por causa dos privilégios que os parlamentares passarão a ter”, assegurou.
No entendimento do diretor do IPR, isso porque a direita vota, entre outras questões, em pessoas para lutar pelo fim dos privilégios políticos e não para aumentar. “Então, a medida virou uma contradição”, analisou.
Aruaque Barbosa completou que, por isso, grande parte da direita também é contra essa PEC da Blindagem para os parlamentares e para os presidentes nacionais de partidos.
“Em nível nacional, a Quaest fez uma pesquisa também igualzinha sobre a PEC da Blindagem e 83% da população brasileira é contra”, citou.
O diretor do IPR reforçou que, pelo fato de Mato Grosso do Sul ser um Estado mais conservador, o percentual de contrários foi um pouco menor – 78,43%.
“Mesmo assim, é um percentual muito alto e mostra claramente que, tanto na direita, quanto na esquerda, assim como o pessoal do centro, não querem essa PEC da Blindagem”, finalizou, completando que é quase uma unanimidade nacional ser contra a PEC da Blindagem.
PEC da Blindagem
A PEC da Blindagem estabelece que deputados e senadores só respondam a processos criminais com autorização prévia de suas respectivas Casas Legislativas.
O projeto prevê ainda que parlamentares presos em flagrante de crime inafiançável tenham seus casos submetidos em até 24 horas ao crivo do plenário, que decidirá em votação secreta se mantém ou não a prisão.
No Senado, a proposta foi enviada pelo presidente Davi Alcolumbre (União-AP) para ser analisada inicialmente pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Dos 27 integrantes do colegiado, 17 já anunciaram voto contrário, ante três a favor. Outros sete não quiseram antecipar a posição. Entre os que se manifestaram pela rejeição à medida está Alessandro Vieira (MDB-SE), escolhido como relator.
CE