O Mato Grosso do Sul conta agora com um diagnóstico detalhado dos solos de seu território, resultado do Zoneamento Agroecológico sul-mato-grossense. O estudo, desenvolvido pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Solos (Embrapa Solos), foi apresentado na quinta-feira (9) em evento realizado no auditório da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), em Campo Grande.
Apresentação e abrangência do estudo
O levantamento foi conduzido por pesquisadores da Embrapa Solos, Sílvio Bhering e Cesar Chagas, e contou com a presença de representantes de órgãos estaduais e federais ligados ao setor agropecuário e ambiental. Segundo o secretário-executivo da Semadesc, Rogério Beretta, trata-se do maior compilado de informações sobre solos do Brasil, com mais de 3.500 pontos de amostragem e 3.000 análises de perfil de solo.
Metodologia e etapas da pesquisa
O zoneamento envolveu coleta de amostras em cerca de 3 mil pontos do estado, analisadas nos laboratórios da Embrapa Solos e da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), em Piracicaba. Foram avaliadas propriedades químicas, físicas e biológicas dos solos, além de realizados testes de infiltração de água e abertura de perfis para caracterização regional. O processo ocorreu em três etapas, abrangendo diferentes conjuntos de municípios, com exceção da planície pantaneira, área de preservação ambiental.
Resultados e áreas identificadas
De acordo com o estudo, cerca de 234 mil quilômetros quadrados, equivalentes a aproximadamente 65% do território sul-mato-grossense, são considerados aptos para atividades agropecuárias, incluindo zonas agrícolas, de pastagem, silvicultura e culturas especiais. As demais áreas abrangem a planície pantaneira, zonas urbanas, áreas não recomendadas para agropecuária, unidades de conservação, terras indígenas e zonas de conservação e restauração ambiental, conforme o Código Florestal.
Informações para gestão e produção agrícola
Os dados coletados permitem identificar zonas agroecológicas, disponibilidade hídrica, restrições e fragilidades ambientais, além da aptidão para o cultivo de culturas como arroz, trigo, milho, soja, aveia, girassol, amendoim, sorgo e cana-de-açúcar. Segundo Claudia Pozzi Jantalia, chefe de Pesquisa da Embrapa Solos, a capacitação técnica é um dos focos do projeto, visando a disseminação do conhecimento aos produtores rurais.
Disponibilização dos dados
O zoneamento completo será disponibilizado na plataforma do Programa Nacional de Solos (PronaSolos), vinculado ao Ministério da Agricultura, além de portais da Semadesc, do Governo do Estado e na plataforma MS em Mapas. Também haverá um aplicativo para acesso offline dos dados, facilitando o uso por técnicos em campo.
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