Gustavo Spadotti, chefe geral da Embrapa Territorial, afirmou que o país tem o maior patrimônio natural protegido e preservado do mundo, graças ao papel dos produtores e distribuidores na aplicação de tecnologias. Segundo ele, o valor do patrimônio imobilizado com a vegetação nativa é de R$ 3 trilhões. A informação foi divulgada no palco do Congresso Andav 2022, que acontece até sexta-feira, dia 19 de agosto, no Transamerica Expo Center, em São Paulo. O evento é uma realização da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumo Agrícolas e Veterinários (Andav) e organizado pela Zest Eventos.
Para se ter uma ideia, ele mencionou que são 258 milhões de hectares de áreas protegidas, o equivalente a 1.871 unidades de conservação e terras indígenas, totalizando 2.471 unidades, ou 30,3% do território brasileiro, ante a média de 15,7%, de todos os outros países. Já as áreas de preservadas de vegetação nativa do território brasileiro somam 282 milhões de hectares, o que corresponde a 33,2% do território.
Ao todo, são mais de 480 hectares protegidos e preservados, o que supera 66% da área do país. “Por isso, assombramos o mundo, utilizando a terra de forma eficiente, tecnologia, e produzindo de duas a três safras anuais. Além disso, a cada ano que passa, temos menos pasto e mais boi”, disse Spadotti.
Bioeconomia e crédito verde
Congresso Andav 2022 – Painel Bioeconomia. Fotos FDfotografia.com.br
O moderador do Painel Bioeconomia e Crédito Verde, Marcos Fava, sócio sênior da Marketstrat, destacou que a bioeconomia vai contribuir para o Brasil chegar à liderança mundial em nove cadeias produtivas da agropecuária. “É nosso momento de levantar a bandeira e dizer, nós vamos resolver o problema da fome no mundo, vamos resolver o problema dos preços das commodities”, disse.
Já o chefe geral da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Morandi, citou um estudo, no qual a entidade identificou possibilidades de negócios com crédito de carbono verde em vários setores da economia brasileira, estimados em R$ 700 bilhões. Segundo ele, essas oportunidades estão relacionadas ao Código Florestal, baixo carbono (programa ABC), Renovabio, além de pagamentos por serviços ambientais, bioinsumos, orgânicos e polinizadores. “O Brasil precisa aproveitar a conjuntura global para mostrar as vantagens competitivas, comparativas e colaborativas”, argumentou Morandi.
A advogada Samanta Pineda, da Pineda e Krahn, sugeriu a realização de um plano de serviço ambiental estratégico, para o produtor ganhar com o crédito carbono, alinhado com base nas vantagens competitivas do Brasil, comparadas a outros países do mundo, como o plantio direto, o uso de biocombustíveis e de bioinsumos.
Para Edsmar Carvalho, BoardMember da Agrivalle, o solo é o maior patrimônio do agricultor, mas outros ativos vão começar a surgir e são importantes. Também ressaltou a velocidade no uso dos biodefensivos nas culturas. Em relação à soja, por exemplo, a expectativa é de aumento entre 74% e 95% de adesão ao uso de biodefensivos.
Financiamento e crédito no agro
O agronegócio brasileiro tem buscado diversificar as formas de financiamento e crédito, uma vez que os recursos públicos não são suficientes para atender todo o setor. Uma dessas formas é o mercado de capitais. Em 2021, das 46 empresas realizaram sua oferta inicial de ações na B3, 21 estavam relacionadas ao agro. “Isso mostra pujança desse segmento”, pontuou o diretor de Produtos Balcão e Novos Negócios da B3, Fabio Zenaro, durante painel na Plenária do Congresso Andav 2022.
Ele ponderou que o mercado de capitais pode ser utilizado de forma mais ampla pelo agro para captação de recursos. Sobre a CPR – Cédulas do Produtor Rural, ele afirmou que a B3 possui 137 bilhões de estoque e 80% dessa área, e como registrador, tem trabalhado para tornar o processo de registro mais fácil. Para ele, o desafio está ligado ao conhecimento das novas ferramentas e instrumentos que podem trazer benefícios ao setor.
Para corroborar com a avaliação de Zenaro, o diretor de Operações da Serasa Experian, Renato Girotto, ponderou que um desafio do setor é tracionar fontes de crédito ao mercado de capitais.
O secretário-adjunto do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), José Angelo Mazzillo Junior, comentou sobre as novidades da Lei Nº 14.421/2022 sancionada em julho, que aprimora dispositivos que normatizavam a CPR, como a ampliação 10 dias para 30 dias para registrar a cédula em autoridades registrada no Banco Central.
Para o gerente de Crédito e ESG da Agro Amazônia, Fernando Almeida, com o crédito oficial escasso, será necessária uma participação ainda maior da inciativa privada. “Mais da metade do crédito depende do setor privado”, disse. Ele comentou ainda sobre a união entre o crédito e o ESG. “Não tem como pensar o agro sem sustentabilidade”. A seu ver, é preciso unir esforços para que o Brasil siga alimentando o mundo.
Dia Nacional do Campo Limpo
Congresso Andav 2022 – Campo Limpo. Fotos: FDfotografia.com.br
O Congresso Andav 2022 foi palco da solenidade do Dia Nacional do Campo Limpo, iniciativa do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (InpEV). A celebração também ocorreu em 11 cidades brasileiras e transmitida pelo canal da entidade no Youtube e pelo programa Dia a Dia Rural, do Canal TerraViva.
João Cesar Rando, diretor-presidente do InpEV, ressaltou que o Campo Limpo trabalha o aspecto ESG nas suas três dimensões. Na questão ambiental foram evitadas as emissões de mais de 900 mil toneladas de dióxido de carbono. Na área social, o programa trabalhar a economia circular, gera recursos, agrega valor e ainda levou informações para 2,1 milhões de alunos, no âmbito do Programa de Educação Ambiental Campo Limpo. Em governança corporativa, o sistema é único, integrando toda a cadeia para um trabalho em conjunto.
O presidente do Conselho Diretor da Andav, Oswaldo Abud, afirmou que a Andav tem o propósito de estimular, orientar, treinar e implementar práticas que possibilitem uma agricultura sustentável em todos os elos da cadeia.
Para o diretor do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Goulart, o programa é o maior exemplo da agricultura nacional.
O secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Francisco Matturro, lembrou do início do programa e destacou que ele conta com a consciência do produtor rural, que não quer as embalagens vazias enterradas em sua propriedade. “Isso é segurança”, pontuou.
O deputado federal Arnaldo Jardim destacou o papel fundamental dos distribuidores de insumos agropecuários para o agro brasileiro, que contribuem para que a novidade e a informação cheguem ao produtor rural. “O processo de atualização do produtor acontece sempre pelo distribuidor”.
A comemoração do Dia Nacional do Campo Limpo registrou números expressivos. Mais de 33 mil pessoas participaram de 369 ações em mais de 100 cidades de 19 estados. O destaque foi o DNCL Sustentabilidade, que mobilizou a comunidade e a cadeia agrícola para arrecadar e plantar mais de 145 mil mudas de árvores. Essa quantidade tem capacidade para capturar 20 mil toneladas de CO2e da atmosfera em 20 anos do ciclo de vida dessas árvores.
O Congresso Andav 2022 tem a expectativa de receber um público de mais 5 mil pessoas, entre profissionais, palestrantes, expositores, congressistas e visitantes. Outra novidade é a realização da primeira edição presencial do Fórum “Distribuição Veterinária”, como parte do Congresso Andav 2022, que reunirá os principais temas de saúde e nutrição animal e trará empresas com foco em produtos, equipamentos e serviços para o setor. Na área de exposição, serão mais de 120 marcas nacionais e internacionais referências do setor, com diversos lançamentos e novidades para o mercado.
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