A modernização no dia a dia, na rotina de trabalho e até nos momentos de descanso é um fato incontestável. A população se modernizou e trabalhos — antes difíceis de serem realizados — se tornaram modernos, ágeis, menos cansativos e mais precisos. Apesar de pouco falado, o agro é uma das áreas pioneiras nessa modernização e a imagem do trabalhador sem conhecimento técnico se torna cada vez mais uma visão não romântica de um passado longínquo.
Aplicativos, sistemas, drones e máquinas que, por dentro, parecem verdadeiros carros de luxo. Hoje, o campo vive a era 4.0 — uma espécie de 4ª revolução das atividades agropecuárias. De acordo com o assessor técnico do Senar/MS, Rodrigo Scalabrini, a evolução foi rápida e grande parte dos avanços no campo teve início no século XX.
“Tivemos a primeira revolução, desde os primórdios da humanidade até o começo do século XX. Tínhamos poucas tecnologias, não utilizávamos máquinas e a ciência não se aplicava no agro. No 2.0 passamos a utilizar máquinas. No 3.0 passamos a aplicar biotecnologia e uso de satélites. Hoje, no 4.0, temos os drones, robôs, máquinas autônomas e monitoramento da produção”, explicou.
Para Scalabrini, essa revolução busca um ponto específico. Eficiência. “Em 2050 seremos 10 bilhões de pessoas no mundo, com recursos limitados, então precisamos ser mais eficientes para produzir mais com menos”, comentou. E toda essa tecnologia fez com que os antigos conhecimentos da massa trabalhadora se tornassem obsoletos, criando a necessidade da capacitação.
“A modernização causa mudanças na sociedade. As pessoas precisam estar mais atualizadas, essas mudanças vão correr sempre, cada dia surge uma nova tecnologia. Então as pessoas precisam saber trabalhar com isso”, enfatizou o assessor técnico. Proprietário rural, Alan Gutuzzo, de 34 anos, vê as mudanças causadas pela revolução 4.0 no dia a dia e pondera que a mão de obra é essencial, mas a capacitação se torna um diferencial, quase essencial nos dias de hoje.
“Fiz um curso de revisão de colheitadeira. Quando fui fazer o curso, tinha um aluno com uns 30 anos de experiência e o professor era um rapaz novo. Ele tinha muito conhecimento, trazia coisas novas”, comentou o produtor ao explicar que a capacitação, às vezes, se sobressai em relação à experiência diária.
“É um baita diferencial. Eu vejo que no Estado o pessoal é muito carente de educação básica e acaba não acompanhando essa modernização. É importante, quando possível, buscar esses cursos, esse conhecimento, alguns são até gratuitos”, explicou Gutuzzo.
Ainda assim, Gutuzzo brinca que não é possível ver tratores andando sozinhos ou uma plantação cheia de drones e o trabalho manual ainda é essencial. “Sempre vai precisar de gente, eu vejo aqui no nosso Estado. A tecnologia [está aí] para ajudar, eu sou totalmente a favor. Mas não dá para descartar as pessoas”, disse.
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