Nesta sexta-feira (1º), a Danone, famosa empresa de alimentos, publicou mais um comunicado para esclarecer que não vai deixar de comprar soja do Brasil. A presidente da empresa para a América Latina, Silvia Dávila, afirmou que “não há restrições para a compra de soja brasileira em nossa cadeia de suprimentos ao redor do mundo”. É a terceira vez que a empresa toca nesse assunto, tentando acabar com as dúvidas que surgiram após um comentário de um executivo da própria companhia.
O problema começou quando Jurgen Esser, diretor financeiro da Danone, mencionou em uma entrevista que a empresa estaria pensando em buscar outros fornecedores, talvez na Ásia, para se antecipar às novas regras ambientais da União Europeia. Essas novas regras, conhecidas como EUDR, entram em vigor em janeiro de 2025 e buscam garantir que produtos comprados na Europa não venham de áreas desmatadas.
A fala de Esser causou um forte desconforto entre produtores de soja e autoridades do Brasil. Muitos entenderam que a Danone poderia cortar a compra de soja brasileira. Diante disso, a empresa se apressou em negar esses rumores.
Resposta rápida e apoio aos produtores
Na quarta-feira (30), a Danone Brasil já havia divulgado uma nota assinada pelo presidente Tiago Santos, afirmando que o compromisso com a soja brasileira “permanece firme”. “Seguimos valorizando e respeitando a produção local, que é essencial para nossos produtos,” disse Santos. A presidente Silvia Dávila reforçou o comunicado, destacando que a soja brasileira é essencial para a alimentação das vacas que fornecem leite para a Danone em diversos países.
Ainda assim, a fala inicial do diretor financeiro não foi bem recebida. A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) classificou a possível preferência por soja asiática como um “ato de discriminação” contra o Brasil. A entidade lembrou que os produtores brasileiros seguem regras rigorosas de proteção ao meio ambiente, definidas pelo Código Florestal, que exige que parte das terras seja preservada.
Reação do governo e preocupações ambientais
O Ministério da Agricultura também criticou a ideia de restringir produtos brasileiros e declarou que o Brasil mantém altos padrões de sustentabilidade. Segundo o ministério, o país tem o compromisso de proteger o meio ambiente enquanto pratica um comércio justo.
A decisão da União Europeia de controlar a origem de produtos como soja, carne e madeira é um reflexo das crescentes preocupações ambientais no continente. Com a nova lei, o Brasil enfrenta o desafio de mostrar que suas exportações não estão ligadas ao desmatamento. Para muitas empresas, incluindo a Danone, isso significa monitorar ainda mais de perto seus fornecedores, o que leva algumas a procurar alternativas.
Silvia Dávila encerrou o comunicado da Danone com uma mensagem de apoio ao Brasil, dizendo que a empresa “reconhece o importante compromisso do governo brasileiro com a preservação das florestas”. Com isso, a Danone espera fortalecer seus laços com o país e reafirmar que a soja brasileira é um ingrediente essencial em sua linha de produtos.
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