Fatos que impactaram o agronegócio em 2021

O fim de cada ano é uma oportunidade para lembrar o que se passou nos últimos meses. Por isso, preparamos uma retrospectiva dos principais acontecimentos do agronegócio em 2021.

 

Em Janeiro de o Brasil registrou primeira geada de 2021, em pleno verão a cidade de São Joaquim, no Planalto Sul Catarinense, teve temperatura abaixo de 5ºC . Com isso houve a formação de geada na região.  O fenômeno foi explicado pela entrada de uma massa de ar seco e frio impulsionada por um ciclone extratropical no Atlântico Sul. Com o ar muito seco em altitude e o tempo aberto, o resfriamento noturno é acentuado, especialmente em baixadas de áreas de maior altitude.

 

Em fevereiro, a estimativa de faturamento do agro foi de um aumento de 11,8%, passando de R$ 896,7 bilhões para R$ 1,002 trilhão. As lavouras projetam valores de R$ 688,4 bilhões e a pecuária de R$ 314,5 bilhões. O acréscimo em relação ao ano de 2020 foi de 15,2% nas lavouras e 5,1% na pecuária.

Ainda em fevereiro, os lácteos registraram queda generalizada. O movimento começou na segunda metade de dezembro. O maior impacto é observado no preço do queijo muçarela, que fechou o mês com redução de 11% sobre a média de dezembro, enquanto que no leite UHT e no leite em pó as quedas foram menores. No atacado o UHT caiu 7% e o leite em pó 1%.

 

Em março, Bill Gates revelou por que está comprando tantas terras agrícolas.  Gates respondeu que a decisão está ligada à ciência e tecnologia aplicada nas sementes e ao desenvolvimento de biocombustíveis. “Meu grupo de investimento escolheu fazer isso. O setor agrícola é importante. Com sementes mais produtivas, podemos evitar o desmatamento e ajudar a África a lidar com as dificuldades climáticas que já enfrentam. Não está claro o quão baratos os biocombustíveis podem ser, mas se eles forem baratos, podem resolver as emissões da aviação e dos caminhões”, completou. O bilionário acrescentou que está também investindo em fontes alternativas de água, como por exemplo a viabilidade da dessalinização da água do mar. “Temos muita água. O problema é que é caro dessalinizá-lo e movê-lo para onde é necessário. O custo é proibitivo para o uso agrícola da água. Novas sementes podem reduzir o uso de água”, defendeu.

E por falar nisso, você sabe o valor das terras rurais no Brasil? No Brasil, 5,3 milhões de imóveis rurais ocupando 442 milhões de hectares. ¼ desta terra agrícola é ocupada por 0,3% do total de propriedades rurais no Brasil (15,6 mil propriedades); enquanto outro ¼ é ocupado por 77% de propriedades rurais menores (3,8 milhões).  De acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) 3,98 milhões de hectares de terras agrícolas no Brasil pertencem a pessoas de outras nacionalidades, empresas estrangeiras ou empresas brasileiras constituídas ou controladas por estrangeiros. Minas Gerais é o estado com maior concentração de terras compradas por pessoas ou empresa de outros nacionalidades (943,5 mil hectares), seguido por Mato Grosso (402,3 mil hectares) e São Paulo (351,4 mil hectares).

O especialista e corretor rural, Nilo Ourique, afirma que o valor do hectare no Brasil depende de muitos fatores como localização, topografia, solo e gastos com conservação e melhorias da área. ‘É possível que haja hectare por R$500,00 ou até mesmo R$200,000.00, assim como também é comercializado por sacas de soja, chegando a 1500 sacas por hectare’, salienta Nilo. Ourique pontua que os maiores atrativos nas terras brasileiras são o clima, qualidade de solo e as grandes extensões. Hoje, os estados mais procurados são: Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Goiás, Tocantins e Bahia.

 

Ainda no mês de março, o Brasil de alcançou 8,2 milhões de hectares equipados par agricultura irrigada. Segundo o levantamento cerca de 64,5% ou 5,3 milhões de hectares usam água de mananciais e 35,5% ou 2,9 milhões de hectares são fertirrigados com água de reuso. Essa área é equivalente a 8,2 milhões de campos de futebol.  O estudo foi organizado por tipologias de cultura e métodos de irrigação (arroz; cana-de-açúcar; café; culturas anuais em pivôs centrais e demais culturas e sistemas). Essa base técnica única também conta com estimativa de uso da água pela agricultura irrigada, que foi superior a 941 mil litros por segundo em 2019, o que corresponde a 29,7 trilhões de litros ao ano.

 

Em abril, o Brasil bateu o recorde com o maior embarque de farelo de soja em um único navio de sua história. A embarcação graneleira panamenha Pacific Myra foi carregado no Porto de Paranaguá (PR) com capacidade para carregar até 180 mil toneladas de granéis sólidos. O navio tem 292 metros de comprimento (loa) e 45 metros de largura (boca). A embarcação vai levar para a Holanda 108.577 toneladas do produto.

Com a expectativa de aumentar a resiliência e a capacidade de adaptação das plantas de milho, o Brasil tem primeiro produto contra estresse hídrico do milho. O produto recebeu o nome comercial de Auras e é capaz de promover o crescimento da cultura mesmo em condições de seca. O resultado é fruto de 12 anos de pesquisa da parceria entre a Embrapa Meio Ambiente (SP) e a NOOA Ciência e Tecnologia Agrícola, de Minas Gerais. É o primeiro produto comercial destinado a mitigar os efeitos causados pelo estresse hídrico nas plantas e não tem concorrentes registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

 

O mês de maio foi marcado por uma grande manifestação do agro, que fez Brasília tremer. No dia 15 de Maio, aconteceu a maior manifestação política dos últimos tempos no País. Organizada por semanas pelas redes sociais e entidades representativas do setor, tais como a Aprosoja, o evento defendeu apoio ao presidente Jair Bolsonaro, a reativação da economia e a volta do voto impresso e auditável, bem como críticas ao STF (Supremo Tribunal Federal) e governadores estaduais.  Bolsonaro chegou ao evento no Eixo Monumental da Capital Federal montado em um cavalo, acompanhado pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e um grupo de produtores rurais. Em seu discurso, o presidente exaltou os agricultores brasileiros afirmando que o País “se manteve em pé, em grande parte, graças ao homem do campo, que não parou” durante a pandemia.

 

Em junho, em uma queda generaliza, a soja levou o maior tombo da história. Especialistas dizem que foi um dia foi de queda para as commodities, vinculada à pressão do dólar (index). O petróleo caiu para sua mínima em um mês diante de uma alta do dólar e pelo comportamento dos investidores, que estavam com posições empilhadas para se proteger da inflação, o que promoveu, inclusive, a saída de outros setores. Tudo o que esta relacionado a commodities caiu forte.

E quando o assunto é a alta dos preços, muitos produtores questionaram os motivos. E o Portal Agrolink explicou a alta dos preços dos fertilizantes. O preço dos principais fertilizantes utilizados na agricultura brasileira teve alta de mais de 200% nos últimos nove anos e tem impactado diretamente nos custos da produção agrícola do país, segundo os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP).

Porque os fertilizantes são tão caros no Brasil?  

A demanda brasileira de fertilizantes vem dos quase 70 milhões de hectares destinados a atividade agrícola, segundo o Monitoramento da Cobertura e Uso da Terra realizado em 2018. Grande parte dessas terras, naturalmente, apresentam uma baixa disponibilidade de nutrientes por serem muito antigas e intemperizadas. E, em algumas regiões, como o cerrado, isso é ainda mais potencializado pela acidez excessiva, que pode gerar: Baixos teores de cálcio e magnésio do solo;  Baixa Capacidade de Troca Catiônica (CTC);  Maior solubilidade e presença de elementos tóxicos, como alumínio e manganês;  Redução da fixação simbiótica de nitrogênio pelas plantas;  Menor atividade dos microrganismos decompositores de matéria orgânica;  Baixo aproveitamento dos nutrientes pelas plantas.

Com isso, a alta demanda de fertilizantes não vem apenas da grande extensão de terras agrícolas, mas como também devido a características intrínsecas aos solos do país. Em 2020, foram consumidos mais de 30 milhões de toneladas de fertilizantes contudo, todo esse montante não chega nem perto da capacidade de produção da indústria nacional.

 

E seguindo a linha dos fertilizantes, o assunto ainda rendeu no mês de julho: Nunca o Brasil importou tanto fertilizante, nunca antes na história desse País tanto adubo foi buscado no exterior: foram 14,1 milhões de toneladas de fertilizantes importados no primeiro semestre do ano, de acordo com o portal especializado do setor Globalfert. De acordo com eles, o resultado representou um aumento de 14% em relação ao mesmo período de 2020. O levantamento aponta que o Porto de Paranaguá liderou como a principal entrada de fertilizantes e superou 2020 em 3% no volume importação, seguido por Santos, Rio Grande e São Luís. São Francisco do Sul foi o 5º porto com mais entradas de fertilizantes no primeiro semestre.

O mês de julho também foi de altas para a cultura do milho. Milho volta a R$ 100 para 2022: E agora? Renovadas as crenças em uma produção muito menor para o Brasil. 

 

Agosto iniciou com um alerta, La Niña consecutiva pode ser devastador para milho e soja.  Aumentou a probabilidade de “La Niña” de 67% para 70% para o próximo verão do Hemisfério Sul, segundo o novo relatório semanal da NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos). Se confirmada a ocorrência, seria o segundo ano consecutivo desse fenômeno climático que altera o regime de chuvas e clima – um fato raro. De acordo com informe da Bolsa de Valores de Rosário (BCR), nos últimos 35 anos essa repetição de La Niña consecutiva ocorreu apenas três vezes: nas temporadas 2008/2009, 2011/2012 e 2017/18. “Foram três das piores campanhas de soja e milho da Argentina”, destacam os vizinhos.

Os produtores também ficaram atentos com a chegada do percevejo asiático que chegou ao Brasil. Uma nova espécie de percevejo vinda do Sudeste Asiático foi detectada em São Paulo e está preocupando os pesquisadores da área. O pesquisador Yan Lima foi o primeiro a registrar o Erthesina fullo, que provavelmente chegou em um navio de contêineres, já que a incidência se dá na cidade de Santos, e pode representar uma ameaça à biodiversidade e à agricultura.

 

Em setembro, a China  informou que deve alterar o limite da umidade de grãos de soja de 14% para 13%, seguindo o novo padrão chinês. Essa notícia gerou grande repercussão no segmento de agronegócio devido ao fato do país ser o maior comprador de soja brasileira. Pela legislação brasileira – Instrução Normativa 11/2007 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – para fins de comercialização, o limite do teor de água dos grãos deve ser de 14%. Porém, quanto mais alta for a disponibilidade de água no grão, mais suscetível ele está à deterioração, contaminação por fungos, micotoxinas, ou seja, maiores as chances de perdas dos produtos. Para se ter uma ideia, no Brasil as perdas anuais entre a colheita e o armazenamento chegam a 20%, segundo o Serviço Nacional De Aprendizagem Rural (SENAR).

 

O mês de outubro, uma notícia muito importante impactou o planejamento dos produtores rurais: Preços do glifosato dobram. Do nitrogênio ao glifosato, os preços estão apresentando aumentos de 100% a 300% agora nos EUA.  Uma loja de varejo no estado norte-americano de Missouri revelou que os preços do glifosato subiram 100% este ano, passando de US$ 19 por galão para US$ 38 por galão. E o glufosinato está apresentando um aumento de 50%, agora em US$ 70 por galão, em comparação com US$ 45 no ano passado.

Mas há casos de estados onde a inflação foi muito maior: no nordeste de Iowa, os preços do glifosato subiram 294%. O que custou ao fazendeiro US$ 17 por galão no ano passado, agora está mostrando um preço de US$ 50 por galão. No noroeste de Indiana, os preços do glifosato tiveram um aumento de 300% em alguns locais, sendo que agora o galão está em US$ 80.

 

Em novembro alertamos para falta de herbicidas em 2022. A situação de escassez de herbicidas surgiu pela primeira vez neste verão. Existem vários pontos de venda que tiveram dificuldade em obter alguns dos suprimentos, principalmente glifosato e glufosinato. Uma maneira de colocar isso em perspectiva é há três anos o glifosato custava US$ 10 o galão, e agora estamos vendo preços de US$ 50 o galão e ouvimos que pode chegar a US$ 80.

Assim como no Brasil, aproximadamente 80% dos herbicidas usados nos Estados Unidos vêm do exterior. Os preços dos ingredientes ativos continuarão subindo, uma vez que a oferta está baixa.

 

E por fim, em dezembro anunciamos que o La Niña está oficialmente de volta.  Havia expectativa mas agora é oficial. O La Niña está de volta, pelo segundo ano consecutivo. O fenômeno de resfriamento das águas do Pacífico tem grandes impactos no clima mundial e, especialmente, na agricultura. O panorama foi confirmado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM).

A expectativa é de que nesta temporada o fenômeno tenha incidência de fraca a moderada e deve se estender até fevereiro com mais intensidade e passa a perder força a partir de março. A OMM calcula que existe uma chance de 90% das temperaturas na superfície do oceano Pacífico tropical continuarem nos níveis La Ninã até o fim do ano e chances de até 80% de permanecerem nesse nível por todo o primeiro trimestre de 2022.

 

 

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