Imagine produzir carne suína de alta qualidade, reduzir a emissão de gases poluentes na atmosfera e ainda gerar a sua própria energia elétrica. Pois isso já é realidade na suinocultura de Mato Grosso do Sul, onde granjas já transformam o gás metano de dejetos de suínos em energia elétrica. A ideia de aliar sustentabilidade à produção de suínos sul-mato-grossense é fomentada pelo Governo do Estado, por meio do subprograma Leitão Vida, administrado pela Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar). E mais: a iniciativa reforça a estratégia do Governo de conseguir se tornar Estado Carbono Neutro até 2030.
Em Mato Grosso do Sul, das 250 granjas cadastradas no subprograma Leitão Vida, do Governo do Estado, 110 possuem biodigestores que evitam a liberação do gás metano produzido pelos animais na natureza. Mas a novidade é que 29 propriedades já transformam este biogás em energia elétrica por meio de queima, gerando mais 12,3 milhões de quilowatts/hora por ano. Isso daria para abastecer uma cidade com pouco mais de 5 mil habitantes durante um ano. As demais evitam que o metano seja liberado na natureza.
Apostando na pegada do Carbono Neutro e nas metas do Governo do Estado de atingir esta certificação até 2030, a Semagro deve ampliar as ações de fomento dentro da atividade, por meio de incentivos já previstos no Leitão Vida. De acordo com dados elaborados pela Coordenadoria de Pecuária da secretaria, atualmente as granjas cadastradas no subprograma produzem 6,5 bilhões de litros de dejetos de suínos, que se fossem convertidos em gás metano seriam capazes de produzir 70,8 milhões de quilowatts ano energia elétrica.
Diante deste potencial, a meta da Semagro é incentivar mais produtores a adotarem a alternativa e investir para transformar os dejetos em metano e posteriormente em energia elétrica. “Esta ação está prevista dentro da certificação de propriedades avançadas dentro do subprograma”, afirmou o secretário Jaime Verruck.
“Se usássemos toda a produção de gás metano das granjas do Estado, podíamos gerar mais de 70 milhões de kw de energia elétrica no ano. Transformava isso em metano e depois em energia. Temos potencial de 52% das granjas que poderiam produzir energia”, calcula o titular da Semagro.
Melhor aproveitamento
De acordo com o coordenador de Pecuária da Semagro, Marivaldo Miranda, das 110 granjas que possuem biodigestor no Estado, somente 36% delas ou 29 unidades fazem aproveitamento energético que viram 12,3 milhões de quilowatts/ano. Isso daria para abastecer uma cidade com pouco mais de 5 mil habitantes. “Ou seja, do total de granjas inscritas no subprograma, somente 17% fazem aproveitamento energético. Isso é pouco. Temos aí um enorme potencial”, afirmou Miranda.
Ele destaca que 48,23% dessas granjas dispõem de biodigestores anaeróbicos com capacidade de produzir 34.183.300,63 m³de metano, com potencial de gerar 34.183.300,63 kwh/ano de energia elétrica. “Isso poderia ser aproveitado na geração de energia para abastecer a propriedade ou até ser comercializado no sistema”, pontuou.
Miranda informou ainda que a maioria das que geram energia são Unidades de Produção de Leitões (UPLs). “Queremos difundir a ideia, de que pessoas queimem o metano ou transformem em energia elétrica”, avalia
Atividade
O volume de suínos incentivados dentro do programa Leitão Vida superou neste ano as 4,4 milhões de cabeças. Em valores os incentivos pagos aos suinocultores superaram os R$ 53,8 milhões.
De acordo com dados da Semagro, do total de 4.451.210 suínos incentivados até o momento; 703.832 animais foram em UPLD (Unidade de Produção de Leitões Desmamados); 139.650 em UPLC (Unidade de Produção de Leitões prontos para abate); 279.689 animais em UPLT (Unidade de Produção de Leitões Terminados); 1.365.216 em Unidade Crechária (UC) e 1.962.823 em Unidades Terminadoras (UTs).
Em termos de exportação de carne suína, no acumulado de 2021 foram embarcadas 16,7 mil toneladas para o exterior por Mato Grosso do Sul, gerando faturamento de US$ 31,55 milhões. Ganho de 28,72% no faturamento de 2020 para 2021.
Rosana Siqueira, Semagro
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