Nessa última semana, uma análise do laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) confirmou que o caso isolado de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecido como “vaca louca”, detectado no município de Marabá (PA) é atípico, do tipo H.
“Essa é uma notícia positiva para a pecuária sul-mato-grossense. Novamente a identificação, como já tinha ocorrido no caso anterior, que o Brasil não tem nenhuma infectação em relação a vaca louca e (o caso) é caracterizado como atípico”, comemorou o secretário da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck.
Em entrevista coletiva, o secretário explicou que o caso é classificado como “atípico” quando é identificado em somente um animal específico, e tem como causa fatores naturais, como por exemplo a idade do animal, que faz com que ele passe a desenvolver características similares à doença.
“Ele é atípico exatamente porque ele está restrito àquele animal, e ele não tem as características que pode criar algum problema para a pecuária”, acrescentou.
O resultado positivo da análise coloca a carne bovina brasileira de volta no comércio exterior.
Em nota, o Ministério da Agricultura e Pecuária informou que o secretário Carlos Fávaro comunicou imediatamente o resultado da amostra ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, imediatamente, iniciou a inserção das referidas informações no sistema para a comunicação oficial à OMSA e às autoridades chinesas.
Assim que concluído o processo, será marcada uma reunião virtual com o governo chinês para tratar do desembargo da exportação da carne bovina ao país.
“Um ponto importante para a pecuária sul-mato-grossense, nessa nota o ministério destaca isso, é a necessidade de restabelecer a exportação e a retirada dos embargos, à exportação da carne bovina no país”, comentou.
Em Mato Grosso do Sul, três frigoríficos são credenciados para exportar carne bovina para a China.
“Isso cria uma uma situação de equilíbrio de preços, de melhoria de preços para a arroba do boi no Mato Grosso do Sul. Então, é importante que a gente imediatamente faça o desembargo da carne bovina e das exportações para o mercado chinês”, acrescentou.
Verruck acredita que os processos diplomáticos, que costumam demorar, devem ser acelerados pela pressão – tanto do Governo do Estado quanto da Semadesc.
“Nós já encaminhamos a documentação ao Ministério (da Agricultura e Pecuária), para que a gente tenha uma retomada imediata das nossas exportações. Eu tenho certeza que o Ministério também tem essa preocupação, dada a representatividade do mercado chinês hoje na compra de produtos de carne bovina”.
Em 2022, a China foi o principal destino das exportações de Mato Grosso do Sul, com 35,64% de participação, segundo dados divulgados pela Semadesc.
Em janeiro de 2023, o país manteve seu posto de principal destino das exportações feitas pelo Estado, representando cerca de 27,13% do valor total das exportações. O país está 13,37 pontos porcentuais a frente do Japão, segundo país com maior participação (13,76%).
Febre Aftosa
No dia 1º de novembro de 2022, Mato Grosso do Sul deu início à última etapa de vacinação contra a febre aftosa em rebanhos bovinos e bubalinos.
No Estado, foram 16 milhões de cabeças de gado vacinadas, e a operação de defesa zoossanitária custou cerca de R$ 40 milhões aos pecuaristas sul-mato-grossenses.
Em maio, na primeira etapa da vacinação, Mato Grosso do Sul chegou a 99% de cobertura vacinal. O processo de vacinação é fundamental para que a etapa seguinte ocorresse.
Com isso, em 2023, Mato Grosso do Sul conquistou o status de livre de aftosa sem vacinação. A nova classificação é essencial para a abertura de novos mercados internacionais e economia ao produtor rural.
A ação é realizada a nível nacional, e faz parte da evolução do projeto de ampliação de zonas livres de febre aftosa sem vacinação no País, previstas no Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PNEFA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
O bloco IV do plano estratégico (PE-PNEFA), iniciado em novembro, incluiu Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Tocantins.
Jaime Verruck reforçou que quem ganha com o cumprimento das etapas de vacinação é o produtor, já que ele acaba com custo de duas vacinas anuais, com destaque para a questão do manejo do rebanho, já que a imunização é realizada individualmente.
“Tem uma redução de custo, mas eu sempre falo que o grande ganho para Mato Grosso do Sul será a entrada em novos mercados. A partir do momento da retirada da vacina, nós [o governo] vamos procurar esses mercados mais sofisticados para ampliar [a relação comercial]”.
PE-PNEFA
O plano tem como objetivo principal “criar e manter condições sustentáveis para garantir o status de país livre da febre aftosa e ampliar as zonas livres de febre aftosa sem vacinação”.
O PE-PNEFA está fundamentado na avaliação contínua de indicadores que são monitorados regularmente de forma conjunta pelas equipes gestoras do projeto, que reúnem os setores público e privado, em âmbito estadual e nacional.
A meta é que o Brasil se torne totalmente livre de febre aftosa sem vacinação até 2026.
Semadesc