Reportagem inglesa destaca impactos das geadas nos cafezais brasileiros

A Reuters, com sede em Londres, destacou em uma reportagem,  o cenário dos cafezais brasileiros após as geadas de julho, os impactos do clima no Brasil e como isso deve repercutir nos preços do arábica.

O Brasil é o maior produtor de café do mundo. Somente em 2020 produziu 63,1 milhões de sacas, o equivalente a 3,7 toneladas de café, incluindo o arábica e o conilon, com destaque para Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Paraná. Pelo menos três desses estados tiveram fortes geadas e apresentam lavouras com folhas marrons e queimadas.

Os prejuízos ainda estão sendo contabilizados mas já se esperam reflexos nas próximas safras, com redução de produção em função de que muitos produtores terão que eliminar plantas. A reportagem com o título “A ameaça de geadas para as lavouras de café no Brasil” destaca que os preços do café arábica subiram para o nível mais alto em quase sete anos depois do ocorrido.

Também destaca que a geada representa uma ameaça para os cafeeiros desde que a cultura foi trazida para o Brasil no século XVIII. Os principais estados produtores brasileiros são mais propensos a geadas do que as regiões de cultivo em outros grandes países produtores de café arábica, como Colômbia e Etiópia.

 

O café é uma cultura tropical e não gosta de baixas temperaturas, principalmente se caírem abaixo de 5 graus Celsius (5 ° C). Temperaturas abaixo de zero, em torno de -3 ° C a -4 ° C (quando os cristais de gelo se formam nas células da planta) são letais, destruindo botões de flores, flores e frutos, e causando queimaduras de geada nas folhas, o que em casos graves leva à completa desfolhamento do cafeeiro.

A forma mais severa de dano é devido à formação de cristais de gelo, que perfuram as células dentro das partes afetadas da planta, fazendo com que fiquem pretas e morram, levando à morte da planta.

O Dr. Aaron Davis, que realiza pesquisas sobre o café no The Royal Botanic Gardens, Kew, na Grã-Bretanha, disse que a geada pode ser particularmente devastadora após um longo período de seca, como a experimentada nesta temporada, já que as folhas podem ter murchado, tornando-as suscetíveis a baixas temperaturas e geada.

 

Em alguns casos, pode levar um ou dois anos para se recuperar de um episódio de geada, mas se os cafeeiros morrerem e precisarem ser substituídos por mudas, pode levar quatro ou cinco anos para obter uma safra decente e até sete anos para se restaurar totalmente níveis máximos de produção.

A publicação também destaca uma pesquisa realizada pela Refinitiv comparando temperaturas e precipitação no período de 30 anos 1959-1988 com 1989-2018 mostra que o clima no Brasil está se tornando, em média, mais úmido e quente.

Os eventos de frio extremo estão se tornando menos comuns, mas o calor extremo está se tornando mais frequente. A geada severa mais recente foi em 1994 e, nesse caso, também houve a combinação devastadora de seca e geada.

 

 

reuters

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