A tecnologia tem auxiliado o produtor brasileiro a implementar a agricultura de precisão, isto é, elevar a produção com maior eficiência e sustentabilidade dos recursos econômicos e ambientais. Neste contexto, uma das ferramentas que tem revolucionado o setor é o drone, pois suas câmeras de alta resolução e os mais diversos tipos de sensores, servem a diferentes tarefas.
Um bom exemplo para entender os benefícios proporcionados pela tecnologia é a experiência de Caconde (SP), que tem na cafeicultura um de seus cultivos mais proeminentes. Lá, o drone é usado para a pulverização das áreas cultivadas.
Mais do que gerar redução de custos, uma vez que o equipamento já faz a calibração da quantidade de defensivos de acordo com a necessidade de cada área, a adoção da ferramenta também contribuiu para amenizar um dos gargalos da região: mão de obra. Isso porque o município, que fica a cerca de 480 km da capital, está localizado em uma área de topografia montanhosa, o que dificulta a logística de trabalhadores. “Subir montanhas com um pacote de 20 kg nas costas é um trabalho duro, árduo e pouco eficiente, por isso, temos dificuldade em encontrar trabalhadores para realizar esta atividade de forma braçal”, explica Ademar Pereira, produtor rural e presidente do Sindicato Rural Caconde. “Sem contar que hoje o drone faz esse serviço com uma maestria fantástica, porque além da otimização do tempo contribui para a sustentabilidade no campo, ao evitar que culturas recebam mais defensivos do que o necessário, e, principalmente, reduzindo o contato de trabalhadores com o produto”, completa.
Outra curiosidade que é reflexo da densidade geográfica é a estrutura fundiária da região. “A geografia acabou por implementar uma reforma agrária natural, como gostamos de chamar, porque resultou em um parcelamento muito grande de solo, de modo que temos hoje 2.303 pequenas propriedades. Destas, 605 são menores do que cinco hectares”, comenta Pereira.
Foi justamente visando beneficiar tantos pequenos produtores que a Embrapa resolveu fazer testes de pulverização com drone na região. “É um equipamento caro, principalmente para quem tem propriedade de menor porte, por isso ter o apoio da Embrapa foi importante”, comenta o presidente do sindicato rural da cidade. “Mas, foi também através do associativismo aqui no SENAR-SP que intensificamos o uso da tecnologia”, completa. Conforme Pereira, alguns produtores já adquiriram o equipamento e, além de aplicar em suas culturas, prestam o serviço para outros produtores. Ainda, de acordo com Ademar, a redução de custos que a ferramenta proporciona tem despertado o interesse de centenas de produtores, que estão muito curiosos para saber mais sobre a tecnologia.
As perspectivas são positivas. O governo do Estado já se organizou para que todas as regiões sejam contempladas com drones a partir de 2022. Em julho de 2021, foram entregues 31 drones com a finalidade de acompanhamento dos Planos de Regularização Ambiental (PRA) elaborados pela Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS/CATI).
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