A Polícia Civil do Mato Grosso do Sul instaurou um inquérito policial para investigar denúncias de episódios de assédio sexual que teriam sido cometidos por Marquinhos Trad, ex-prefeito da Capital e atual candidato do PSD ao Governo. A delegada Maíra Pacheco Machado, da Deam (Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher) apura a denúncia que ocorre em segredo de justiça.
As informações sobre o possível assédio foram divulgadas pelo jornalista Guilherme Amado, do Metrópoles. O procedimento foi aberto após apuração preliminar baseada no depoimento de quatro mulheres que procuraram a Deam — três delas dizem ter se sentido assediadas. Marquinhos negou as acusações e alegou ser vítima de complô por liderar as pesquisas de intenção de voto.
Três dos relatos são parecidos e apontam para casos onde as depoentes passavam por dificuldade financeira e foram atraídas para o gabinete da prefeitura com a promessa de emprego no órgão municipal. Das três mulheres que se dizem vítimas de Trad, duas afirmam ter mantido, por algum tempo, relações sexuais consentidas dentro do gabinete do prefeito.
A coluna do Metrópoles teve acesso ao inquérito em que aponta que uma das depoentes foi levada ao banheiro pelo ex-prefeito, mas teria recusado a investida.
“QUE a declarante narra que MARCOS começou a tentar beijá-la passando a mão em seu corpo, […] em seguida a empurrou para uma pia e abaixou as próprias calças; a declarante alega que […]estava apavorada, além disso, a declarante pode sentir que o mesmo estava com ereção e que tentou levar a sua mão ao seu órgão genital; QUE, diante da negativa da declarante em manter qualquer relação sexual […] o mesmo vestiu as calças”, diz trecho da investigação preliminar feita pela Polícia Civil e à qual a coluna teve acesso.
Já outra possível vítima, afirmou que manteve relações consensuais com Marquinhos, no entanto, cessou o caso extraconjugal após se casar com outro homem. Em relato, ela disse que o ex-prefeito teria tentado beijá-la há pouco mais de um mês no atual comitê de campanha usado pelo candidato ao governo.
O relato de outra mulher, que afirmou ter consentido com os atos, disse que se sentiu assediada quando o ex-prefeito se recusou a usar preservativo durante o ato sexual.
Marquinhos Trad nega
À reportagem do Metrópoles, Marquinhos disse que acusações não passam de ataque político por estar liderando as pesquisas de intenção de voto. “Quanto mais eu consolido minha liderança nas pesquisas de intenção de voto ao governo estadual, mais ataques surgem. Tenho gravação de pessoas que foram procuradas para receber valores para contar histórias a meu respeito. Esses depoimentos [dados à Polícia Civil] têm o objetivo de abalar minha candidatura. Estou disputando contra o candidato do atual governo. Esses dias eu gravei um vídeo de matança de índios no qual cobrei apuração, porque a Polícia Militar invadiu a aldeia sem o mandado do juiz. E eu recebi do secretário de Segurança [uma mensagem que diz] o seguinte: ‘Ou você fica do lado da gente ou as coisas vão piorar’. Ele prenunciou que viria isso aí”, disse.
Ainda para afirmar suas conclusões, Marquinhos Trad enviou à coluna, vídeo no qual uma mulher afirma ter sido abordada por pessoas da atual gestão estadual em busca de “vídeos ou conversas” que pudessem comprometê-lo. Em relato informal, ela afirma que, em uma das ocasiões, chegou a receber a proposta de R$ 150 mil. O ex-prefeito pediu que o vídeo não seja divulgado para preservar a identidade da suposta informante.
mtpl