Em Itabuna, Sobrou um rastro de destruição após os temporais que atingiram o sul da Bahia na virada do ano. Apesar da diminuição das pancadas de chuva, os estragos afetam a vida de um sem-número de famílias. Muitas ainda não sabem como reconstruir a vida.
Em Itabuna, cidade distante 435 quilômetros de Salvador e uma das mais afetadas pelas chuvas, os próprios habitantes trabalham na reconstrução do município. Lá, a cheia do Rio Cachoeira, o maior da região e que corta toda o município, chegou a sete metros. Cinco das seis comportas da barragem do aquífero foram abertas.
Casas não resistiram à força da água. Ruas ficaram submersas. Histórias de vida se perderam. É o que aconteceu com a dona de casa Poliana Cardoso, de 26 anos.
Grávida de cinco meses, ela é mãe de dois filhos e agora vive com o marido em um barracão improvisado. Depende da solidariedade, e a subsistência é garantida por meio da doação de roupas, de comida e de água.
O local a que Poliana se refere é o viaduto Governador Paulo Souto. A estrutura passou a funcionar como abrigo improvisado após os temporais.
Ali, famílias inteiras tentam sobreviver à catástrofe. Ao menos 10 grupos, incluindo crianças e idosos, tentam recompor a rotina com o que sobrou. Quase nada. Alguns móveis e colchões foram resgatados após a passagem da água.
Viaduto virou casa
Patrícia Nascimento, de 26 anos, e os filhos de 8, 7 e 2, estão no local. Ela conta que fugiu andando da violência da água. Assistiu à vida mudar de rota repentinamente pelo querer da natureza.
“Estamos aqui debaixo do viaduto faz uns 10 dias já. A gente limpa aqui como se fosse a nossa casa”, conta, resignada.
O viaduto não é o único local que passou a ser moradia improvisada. No campo de pouso do aeroporto desativado de Itabuna, algumas famílias ergueram barracos improvisados com lonas e tecidos, como lençóis e colchas de cama.
A Prefeitura de Itabuna iniciou os trabalhos de limpeza das ruas. Essa foi a maior enchente na região desde 1967. O cheiro é insuportável em todo o trajeto por onde a água passou.
A tragédia
As chuvas fortes atingiram o sul da Bahia em meados de dezembro. As pancadas se avolumaram ao longo do mês e deixaram marcas indeléveis na região. Ao todo, 25 pessoas morreram.
Segundo balanço do governo baiano, 32,7 mil pessoas ainda estão desabrigadas e outras 57,5 mil, desalojadas. O estado nordestino teve 165 municípios afetados pelas chuvas e 153 deles declararam situação de emergência.
O governo federal destinou R$ 200 milhões para a reconstrução das cidades atingidas, além do socorro das famílias prejudicadas. Campanhas organizadas pela sociedade civil arrecadaram donativos. Ainda é cedo dizer quando e quanto custará recompor a realidade da população penalizada pela água.
mtp