Moradores do Jardim Botânico, região que abriga vários condomínios no Distrito Federal, patrocinaram outdoor, para protestar contra a possível mudança de Jair Bolsonaro para lá. Eles alegam que o lugar é de paz, valor que o ainda presidente da República, não cativa.
Na placa publicitária, segundo o UOL, o recado é claro: ‘’Jair aqui não! Jardim Botânico quer paz’’. O painel foi erguido, na terça-feira (21), após os condôminos descobrirem que o Partido Liberal, de Bolsonaro, quer alugar um imóvel para o futuro ex-presidente ali.
A maioria dos moradores recusou dar entrevista ao UOL, alegando medo de represálias por parte de apoiadores do presidente. Outros revelaram ter sofrido ameaças de bolsonaristas. Mas Victor Gomes Cavalcante, 31 anos, CEO de uma plataforma digital esportiva e morador do Ville há sete anos, diz que a opção pelo local foi justamente a tranquilidade.
“O Jardim Botânico é considerado um Jardim do Éden. Aqui só se escuta os pássaros cantando, muita natureza, segurança, é um respiro em meio ao caos. Com essa notícia nossa paz foi tirada e ficamos com medo”, relatou o empresário.
O outdoor, que custou R$ 3 mil, fruto de uma vaquinha de cerca de 300 moradores do condomínio Ville de Montagne, foi derrubado por defensores de Bolsonaro. No grupo de WhatsApp dos contrários ao presidente, uma das mensagens dizia.
‘Vai virar atração turística. As excursões pra vinda da posse vão incluir para fotos. Parabéns pessoal”, escreveu um morador.
Cavalcante e demais moradores registraram um boletim de ocorrência, em razão da derrubada do painel. Eles reforçam que a vinda de Bolsonaro vai tirar a paz do local.
“Bolsonaro vai andar por aqui constantemente armado, ele e seus seguranças. O atual presidente também defende o desmatamento. O Jardim Botânico é puro verde. Não sabemos se com ele aqui, a natureza vai continuar. Também não queremos um líder que zombou da morte de 700 mil pessoas em decorrência da Covid-19, que devolveu o país para o mapa da fome. Nosso protesto é legal e não estamos desrespeitando ninguém”, afirma o diretor de empresa. “Não queremos violência, mas infelizmente foi isso que aconteceu em menos de 24h. Ameaças e o nosso protesto destruído.”
Divergências
A reportagem, no entanto, encontrou quem não veja problemas em ter o ex-presidente como vizinho. Ainda segundo o site, um casal de moradores, vestidos de verde e amarelo e com a bandeira do Brasil, fazia registros do outdoor rasgado com uma máquina fotográfica. O advogado Wagner César Vieira e a dona de casa Maria Nalva, ambos de 62 anos, não concordam com os vizinhos.
“Decidimos vir até aqui depois de saber dessa iniciativa, que é uma coisa imunda e de um grupo minúsculo. É um absurdo primeiro porque ali está escrito que o Jardim Botânico quer paz e o condomínio [Ville de Montagne] é apenas um entre dezenas que existem aqui, não representa a região.
Segundo, é notório que o Distrito Federal votou em Bolsonaro nos dois turnos. Eu, inclusive, fui fiscal nas eleições e constatei que o nosso presidente teve uma votação superior a 60%. Portanto, é uma parcela pequena que é contrária ao que a maioria acha”, argumentou o advogado.
O UOL seguiu com o relato de marido e mulher, que consideraram o protesto contra Bolsonaro algo muito ruim.
”Essas pessoas que tomaram a dianteira nessa campanha sórdida, covarde, ilegal e ilegítima são no máximo cem pessoas. Nosso condomínio tem 5 mil pessoas. Vocês acham que eles nos representam? Eles pedem paz, porém esse outdoor incentiva o ódio”.
O advogado afirmou que que está reunindo outros moradores divergentes para procurar a Administração Regional do Jardim Botânico e solicitar a retirada do outdoor. Caso a solicitação não seja atendida, ele pretende mover um processo na Justiça contra os vizinhos.
fonte: uol