O Nepal está se preparando para mudar de local o acampamento base no Monte Everest, frequentado por até 1,5 mil pessoas na temporada de escalada da primavera, por conta do aquecimento global. Quem dorme por lá tem presenciado diversos episódios de abertura de fendas no gelo e os números mostram que a geleira Khumbu vem diminuindo ano após ano.
Pesquisadores dizem que o gelo que derrete com as temperaturas mais altas desestabiliza a geleira, provocando as temidas rachaduras. “Estamos agora nos preparando para a realocação e em breve começaremos a consultar todas as partes interessadas. Trata-se basicamente de se adaptar às mudanças que estamos vendo no acampamento base e se tornou essencial para a sustentabilidade do próprio negócio de montanhismo”, disse Taranath Adhikari, diretor-geral do departamento de turismo do Nepal, à BBC. Um novo local deve ser demarcado em uma altitude mais baixa, onde não há gelo o ano todo.
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Leeds, na Inglaterra, mostrou que o segmento da geleira que fica próximo ao acampamento base está diminuindo a uma taxa de 1 metro por ano.
A maior parte da geleira Khumbu está coberta por detritos rochosos, mas também há áreas de gelo exposto, chamadas falésias de gelo, e seu derretimento desestabiliza bastante a geleira. “Quando os penhascos de gelo derretem assim, os detritos de pedregulhos e rochas que estão no topo dos penhascos se movem e caem e, em seguida, o derretimento também cria corpos de água. Assim, vemos um aumento de quedas de rochas e movimento de água derretida na superfície das geleiras que podem ser perigosos” disse o pesquisador Scott Watson à BBC.
Adrian Ballinger, fundador da empresa de guias de montanha Alpenglow Expeditions, diz que a medida fazia sentido. Para ele, haverá cada vez mais avalanches, quedas de gelo e quedas de rochas na área do atual acampamento base, colocando vidas em risco sem necessidade, já que existem outras opções a serem exploradas.
bbc