Varejo deve seguir penalizado por cenário macroeconômico inflacionário

As empresas de varejo na Bolsa devem encerrar o ano na lanterna do Ibovespa. Até agora, esse é um dos setores que acumulam as maiores perdas, com destaque para Via e Magazine Luiza, cujas ações já caíram perto de 65% e 75%, respectivamente. Seus pares não ficam muito atrás. Americanas perdeu mais de 60%; Lojas Americanas teve desvalorização perto de 50%; Lojas Renner caiu 25%. Isso tudo com breves hiatos no comportamento baixista, em que os papéis viram para o positivo, mas acabam não se sustentando.

O vilão do setor é o cenário macroeconômico, que produz a tempestade perfeita para o baixo consumo: inflação, juros altos, desemprego, somados às restrições causadas pela pandemia, que adicionam uma boa dose de insegurança à intenção de compra. E as expectativas para o próximo ano não colaboram, já que não se vislumbram sinais de mudança no horizonte.

Na opinião da responsável pela cobertura do setor de Varejo no BB-BI, Georgia Jorge, o que poderia ajudar o setor a reagir seria uma ancoragem das expectativas inflacionárias para 2022 e 2023, para gerar um cenário menos incerto quanto ao tamanho e duração do ciclo de aperto monetário. Afora isso, seria importante ter uma visão mais clara sobre a evolução da pandemia, que amenizasse as preocupações com a descoberta de novas variantes de modo que não trouxesse de volta os temores com restrição de mobilidade.

No contexto atual, entretanto, alguns segmentos do varejo devem se sair melhor que outros no curto e médio prazos. Nesse grupo estariam, por exemplo, o ramo alimentício, que é menos sensível a mudanças macroeconômicas, e o de vestuário, que vem sendo beneficiado pelo “consumo de vingança”, em virtude da reabertura da economia. Trata-se de um tipo de comércio que tem tíquete médio mais baixo e maior frequência de compra, quando comparado, por exemplo, a eletrônicos e eletrodomésticos, observa Rodrigo Crespi, da Guide Investimentos.

Também podem ser sair melhor os segmentos de nicho, como Centauro, que é voltado ao público esportivo; Lojas Renner, caracterizada por fast fashion e boa omnicanalidade; Alpargatas, que está diversificando a receita, não somente no mercado doméstico mas com cada vez maior participação internacional.

Na outra ponta estaria o e-commerce, que deve continuar a registrar números fracos em razão da base comparativa: no ano passado tiveram desempenho bom, acima de todo o setor, em razão do isolamento social e do custo do crédito ainda baixo naquele momento.

A concorrência com players estrangeiros é uma preocupação a mais, seja de asiáticos, como Alibaba e Shopee, ou do Mercado Livre, que já tem posicionamento doméstico relevante, ou ainda Amazon, que vem implementando forte presença no mercado local, segundo Vitor Suzaki, do Banco Daycoval.

Ele afirma que as empresas vêm amargando redução de margens, pois estão usando o preço para garantir market share. E os trunfos do pré-pandemia, como frete grátis ou prazos menores, não são mais diferenciais.

Além disso, algumas dessas empresas têm lojas físicas, que ainda enfrentam a restrição de consumo aliada ao aumento de despesas e custos, o que contribui também para uma perspectiva negativa. “Enquanto não se dissiparem estes problemas no curto prazo, haverá espaço para maiores desvalorizações das ações”, avalia Suzaki.

Com relação às recomendações da próxima semana a Ativa decidiu trocar toda sua carteira de Top Picks. Entraram BTG Pactual Unit, Embraer ON, Yduqs ON, GPA ON e Raízen PN no lugar de 3R Petroleum ON, Bradespar PN, CSN ON, Lojas Renner ON, Magazine Luiza ON.

O BB Investimentos substituiu Raia Drogasil ON, Suzano ON e Taesa Unit, por Cogna ON, Direcional Engenharia ON e Hypera ON, e manteve Localiza ON e Ultrapar ON.

Na carteira da Elite, apenas uma troca. Saiu Petrobras PN para entrar Movida ON. Permaneceram Inter PN, BTG Pactual Unit, Cyrela ON e Vale ON.

A Guide manteve em sua carteira Apple BDR, Bradesco PN, Petrobras PN e Vibra Energia ON e trocou Ambipar ON por Suzano ON.

A Mirae Asset deixou apenas Banco Inter Unit e Ferbasa PN na carteira. Saíram JBS ON, Marfrig ON e Weg ON, para entrar CSN ON, Indústrias Romi ON e Santos Brasil ON.

O ModalMais trocou sua carteira toda. Saíram BB Seguridade ON, Engie ON, IVVB11 ETF, Petrobras PN e Porto Seguro ON, e entraram Banco ABC Brasil PN, Banco do Brasil ON, Gerdau PN, Klabin Unit e Vale ON.

O MyCap substituiu Eletrobras ON, Eztec ON e Usiminas PNA por Banco Pan PN, Petrorio ON e Simpar ON. Permanceram GPA ON e Positivo ON.

A Órama tirou apenas Alliar ON da carteira, para colocar Banco ABC Brasil PN. Ficaram Energias do Brasil OM, Petrobras PN, Telefônica ON e Unipar PNB.

A XP manteve apenas Banco Pan PN. Retirou Ambev ON, Ambipar ON, Cesp PNB e Magazine Luiza ON e inseriu BR Malls ON, Marfrig ON, Rede D’Or ON e Totvs ON.

 

 

 

estadao

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