O governador Reinaldo Azambuja falou à CNN na manhã desta segunda-feira (12) a marca de mais de dois milhões de doses da vacina da Covid-19 aplicadas no Estado e o como isso repercutiu para a queda nas internações em Mato Grosso do Sul. Em entrevista ao programa CNN Novo Dia, Reinaldo também tratou sobre queimadas e eleições. Confira:
CNN – De que forma o avanço da vacinação fez com que Mato Grosso do Sul conseguisse controlar as internações. O que o senhor traz de raio-x do Estado neste momento em que vocês conseguem avançar na imunização da população sul-mato-grossense?
Reinaldo Azambuja – Tivemos um momento extremamente difícil. Aquilo que fizemos com outros Estados, de acolher pacientes, chegamos a um momento que tivemos mais de 100% dos leitos ocupados, e mandar pacientes de Mato Grosso do Sul para outros Estados. O avanço da vacinação e a sintonia muito bem feita com os municípios, fez com que diminuísse bastante nesses últimos dias os níveis de infecção e, em consequência, as internações. O ritmo da vacinação no Mato Grosso do Sul está indo muito bem, fruto de um trabalho da equipe do Governo de Mato Grosso do Sul com as prefeituras, a vacina chega ao aeroporto e é distribuída rapidamente nos 79 municípios. Criamos um incentivo a quem mais vacina para que nós pudéssemos fazer com que chegasse rápido e fosse aplicada. Isso fez com que a gente atingisse, na data de ontem, [domingo 11] quase 27% da população do Mato Grosso do Sul com as duas doses. Quanto mais avança a vacina, diminuiu os níveis de infecção e internação, isso ajuda muito para que possamos deslanchar no avanço da vacina em nosso Estado.
CNN – Como o Estado está se preparando para a chagada da nova variante Delta?
Reinaldo Azambuja – Ampliando o número de vacinação, a gente efetivamente faz uma imunização coletiva maior na população do Estado. Temos divisa com cinco estados e dois países, nossas fronteiras dificultam um pouco controlar esse ir e vir das pessoas e a fronteira tem uma lógica das pessoas migrarem de um lado para o outro. Acho que o grande passo é avançar a vacinação, quando nós atingirmos a totalidade das pessoas acima de 18 anos, prevista para agosto ou setembro, isso ajudará muito a criar essa imunidade coletiva, a base de proteção e imunização da nossa população.
Os cuidados e as barreiras sanitárias continuam, tem um olhar nas entradas do Estado. Tenho conversado com o ministério [Ministério da Saúde] e por isso que nós fizemos uma imunização praticamente completa nos 13 municípios de fronteira. Recebemos algumas doses extras da Janssen, vacinamos até a última sexta-feira toda a população dos municípios que fazem fronteira com Bolívia e Paraguai para a gente criar uma base de experimento com todas essas pessoas vacinadas. Acho que isso ajuda muito a avançarmos esses níveis de proteção da nossa população.
CNN – O que foi feito no Estado para ajudar os empresários, e evitar demissão de funcionários, e quais são os setores que mais estão apresentando um respiro já para a recuperação?
Reinaldo Azambuja – O “Retomada MS”, é um apoio que dá praticamente a transferência de recursos a esses setores mais impactados: turismo, bares e restaurantes, setor cultural. Fizemos vários editais para atender o segmento cultural, criamos um auxílio a todos os trabalhadores dos bares e restaurantes, que durante seis meses receberão R$ 1mil. Zeramos o ICMS de bares e restaurantes, isentamos o pagamento de IPVA, sobre a frota. Criamos o “Mais Social” um auxílio para 100 mil famílias poderem comprar alimentos. Essas pessoas são aquelas que estão no Cadúnico, em situação de vulnerabilidade, então, essas pessoas recebem um cartão e podem todos os meses ir às compras. Com isso, acabamos atingindo os setores mais afetados. Antecipamos também metade do 13º dos servidores estaduais, isso tudo acaba aquecendo um pouco mais a economia e movimentando esses valores financeiros na roda da economia como um todo.
CNN – Mesmo com essa isenção para donos de bares e restaurantes, a gente percebeu um aumento na arrecadação esse ano em comparação ao ano passado justamente por causa das commodities, onde o MS é muito forte. Como o Estado pretende usar esse valor a mais de arrecadação?
Reinaldo Azambuja – Estamos criando uma ampla base na área de saúde. A pandemia paralisou muito as cirurgias eletivas, então temos um represamento no setor público de muitas cirurgias, e nós vamos vir agora com uma grande caravana e cirurgias, diagnósticos, exames, ressonâncias, tomografias, ultrassom, e manter essa base já construída, pois não sabemos como será o comportamento dessas novas variantes da Covid-19. A gente sabe que a vacina protege, mas não sabemos como vai se desenvolver essas variantes. Temos que manter o sistema de saúde sob precaução para não ter surpresa, como fomos pegos no início da pandemia. Vamos distribuir esses recursos oriundos da arrecadação. Mato Grosso do Sul sobrevive de ICMS, 92% da nossa receita é oriunda do ICMS. Criar uma proteção, manter as estruturas de funcionamento de saúde, mas agora vir com um grande programa de cirurgias eletivas.
CNN – Qual o planejamento do Estado em relação às queimadas?
Reinaldo Azambuja – Estamos com um programa através dos Bombeiros, juntamente com o Ibama, os brigadistas, de fazer uma base protetiva aos incêndios florestais. Estamos vivenciando um momento de extrema queda da umidade relativa do ar e uma geada muito grande, talvez uma das maiores que já tivemos, temos um clima extremamente seco e muito favorável aos incêndios. Dividimos essa base de proteção em várias regiões do Estado, já existem vários focos. Fizemos um grande investimento em aeronaves, treinamento de brigadistas, equipamentos para que possamos nos preparar um pouco melhor. Esse ano será também difícil, já que tivemos uma geada que acabou queimando muito em várias regiões do Estado.
CNN – O senhor esteve com o pré-candidato e governador de São Paulo, João Dória, deve se encontrar também com o outro pré-candidato dentro do PSDB, governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, como o senhor se posicionará nas próximas eleições?
Reinaldo Azambuja – Recebemos já o primeiro candidato no início das prévias, o Dória esteve aqui em Campo Grande e vamos receber todos: Eduardo Leite, Arthur Virgílio e Tasso Jereissati. Acho que as prévias oxigena o debate interno do partido, você ouve as propostas, discute com filiados, aponta os caminhos. A prévia democratiza o debate interno e discutir o país. Estamos vivendo um momento que precisamos unir através de uma pauta única que é avançar ao máximo a vacina e ter um olhar a frente do que pode acontecer: a retomada da economia, a geração de emprego, o desenvolvimento.
Apresentamos ao Dória e apresentaremos aos demais candidatos as pauta do Estado. Precisamos a retomada das nossas ferrovias. A saída Bioceânica que é algo que temos uma obstinação, ela encurta caminho ao pacifico, uma obra importante que liga o Brasil ao Paraguai, Argentina e Chile, temos uma retomada da malha oeste, uma rede ferroviária que hoje sucateada precisa ser retomada. Você tem um Estado que produz, mas tem um grande problema que é a logística, que encarece os nossos produtos para chegar aos portos, então, apresentamos uma pauta ao Dória, e vamos apresentar aos outros três candidatos.
A decisão, como é uma democracia interna, é bom todos os filiados ouvirem todos os candidatos e aí fazer um juízo de valor e vamos receber a todos com igualdade, dando esse espaço de diálogo interno e então o partido vai tomar sua decisão em 21 de novembro. Sou um defensor das urnas eletrônicas, acredito na tecnologia e acho que é um avanço, tanto que pedi ao Bruno Araújo [presidente nacional do PSDB] que fizéssemos as prévias com as urnas eletrônicas, algo que também dá lisura ao processo e oxigena o debate que estamos vivenciando agora sobre voto impresso e pedi ao Bruno que possa fazer nas prévias através das urnas eletrônicas.
Joilson Francelino, Subcom
Foto: Chico Ribeiro