O vice-prefeito de Terenos, Arlindo Landolfi (Republicanos), assumiu há 3 meses a Prefeitura de Terenos após a prisão e o consequente pedido de afastamento do prefeito Henrique Wancura Budke (PSDB), na Operação Spotless, deflagrada em 9 de setembro.
Em entrevista, o vice — que assumiu três dias após a prisão de Budke — afirma que a prefeitura tem trabalhado com “possibilidades reais”. Landolfi assumiu o Executivo Municipal com R$ 9,6 milhões em contratos investigados por fraude.
“A nossa gestão assumiu o município em um cenário complexo, com diversos desafios imediatos. Nesses primeiros 90 dias, atuamos com responsabilidade e foco em reorganizar a máquina pública e entregar resultados concretos dentro das possibilidades reais da prefeitura”, afirma à reportagem.
Conforme mostrou a investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), grupo de empresários agia em conluio para direcionar as licitações da Prefeitura de Terenos. Assim, uma empresa levava o certame enquanto os demais participavam sem a intenção de vencer — apenas para dar ares de legalidade à competição.
Retomada
Segundo o vice-prefeito, o Executivo Municipal retomou serviços que estavam paralisados, como a recuperação de ruas e o tapa-buracos — cujas empresas licitadas foram alvos da Operação Spotless.
“Reconstruímos pontes essenciais para o acesso à zona rural e demos continuidade às obras do hospital, além de concluir o projeto técnico para que a reforma do ginásio pudesse seguir adiante”, cita o republicano. Obras em pontes do município também são investigadas pelo Gaeco.

Além disso, emendas parlamentares serão destinadas à pavimentação asfáltica. O vice ainda expõe que promoveu mudanças para adequar as finanças de Terenos. “Tomamos decisões importantes para adequar a realidade financeira do município, como o cancelamento da Festa do Ovo deste ano, priorizando a responsabilidade fiscal”, afirma.
Entretanto, juntou comemorações em uma festa “mais familiar”: a festividade de Natal e a Marcha para Jesus.
Confira os contratos investigados:
| Contrato | Valor | Empresa | Objetivo |
| 54/2022 | R$ 237.480,88 | Bonanza Comércio e Serviços Eireli | Reforma de cinco ESFs de Terenos. |
| 127/2022 | R$ 788.867,74 | Sansão Inacio Rezende Eireli | Reforma e construção de pontes de madeira. |
| 128/2022 | R$ 1.278.815,92 | Arnaldo Santiago Ltda. | Construção de barracão. |
| 42/2023 | R$ 2.963.510,08 | RS Construções e Serviços Ltda. | Reforma de praça e construção da Escola Municipal de Artes. |
| 55/2023 | R$ 787.651,55 | RS Construções e Serviços Ltda. | Serviços de limpeza e manutenção das vias urbanas. |
| 89/2023 | R$ 1.106.692,61 | Genilton da Silva Moreira ME | Substituição de três pontes de madeira por galeria de concreto. |
| 04/2024 | R$ 394.579,34 | Eduardo Schoier EPP | Operação e manutenção da iluminação pública. |
| 06/2024 | R$ 1.952.768,69 | HG Empreiteira e Negócios Ltda. | Reforma e modernização da Escola Municipal Antônio Sandim de Rezende. |
| 28/2025 | R$ 59.400,00 | Marsoft Informática, Construções e Serviços Ltda. ME | Serviço de conexão de internet nas escolas da zona rural. |
| 66/2025 | R$ 87.210,00 | Eduardo Schoier EPP | Serviço de manutenção corretiva e preventiva nos semáforos. |
Operação do Gaeco em Terenos prende prefeito
A Prefeitura de Terenos foi alvo de devassa do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) no dia 9 de setembro de 2025.
Foram expedidos 16 mandados de prisão, além de 59 mandados de busca e apreensão em Terenos, Campo Grande e Santa Fé do Sul (SP).

Veja a lista parcial de presos:
- Henrique Wancura Budke, prefeito de Terenos;
- Arnaldo Santiago, empresário;
- Eduardo Schoier, empresário;
- Fábio André Hoffmeister Ramires, policial militar e empresário;
- Fernando Seiji Alves Kurose, empresário;
- Genilton da Silva Moreira, empresário;
- Hander Luiz Corrêa Chaves, empresário;
- Nadia Mendonça Lopes, empresária;
- Orlei Figueiredo Lopes, empresário;
- Sandro José Bortoloto, empresário;
- Sansão Inácio Rezende, empresário;
- Valdecir Batista Alves, empresário.
Prefeito de Terenos chefiava esquema de fraude em licitação
Henrique Budke é apontado como líder da organização criminosa alvo da Operação Spotless, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) em setembro de 2025.
A investigação apontou que o grupo liderado por Budke tinha núcleos com atuação bem definida. Servidores públicos fraudaram disputa em licitações, a fim de direcionar o resultado para favorecer empresas.
Os editais foram elaborados sob medida e simulavam competição legítima. Somente no último ano, as fraudes ultrapassaram os R$ 15 milhões.
O esquema ainda pagava propina para agentes públicos que atestavam falsamente o recebimento de produtos e de serviços, bem como aceleravam os processos internos para pagamentos de contratos.
A Operação Spotless foi deflagrada a partir das provas da Operação Velatus, que foi realizada em agosto de 2024. O Gaeco e Gecoc obtiveram autorização da Justiça e confirmaram que Henrique Budke chefiava o esquema de corrupção.
Spotless é uma referência à necessidade de os processos de contratação da administração pública serem realizados sem manchas ou máculas. A operação contou com apoio operacional da PMMS (Polícia Militar de MS), por meio do BPCHq (Batalhão de Choque) e do Bope (Batalhão de Operações Especiais).
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