A Polícia Federal (PF) identificou que servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), por meio do sistema FirstMile, realizaram 33 mil monitoramentos ilegais durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os agentes em específico foram detidos, na manhã desta sexta-feira (20), pela Polícia Federal (PF).
Segundo os investigadores, um total de 1.800 usos do programa foram destinados à espionagem de políticos, jornalistas, advogados, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e adversários que se opunham ao governo de Bolsonaro.
Referida pelos investigados como “gangue Abin de rastreamento”, o grupo utilizou, segundo a PF, um um “software intrusivo na infraestrutura crítica de telefonia brasileira” por “reiteradas vezes”. Para esconder os rastros, os servidores que realizaram a espionagem apagaram os acessos dos computadores.
O sistema FirstMile, desenvolvido pela empresa israelense Cognyte, detecta um indivíduo com base na localização de aparelhos que usam as redes 2G, 3G e 4G, e se baseia em torres de telecomunicações instaladas em diferentes regiões para captar os dados de cada celular, criando um “caminho” com base nessas informações, devolvendo um histórico de deslocamento do dono do aparelho.
Após a operação, a ABIN emitiu uma nota onde informa que concluiu, em 23 de fevereiro de 2023, uma Correição Extraordinária para verificar a regularidade do uso do sistema de geolocalização, que resultou na instauração de sindicância investigativa e, por sua vez, na operação da PF.
“Desde então, as informações apuradas nessa sindicância interna vêm sendo repassadas pela ABIN para os órgãos competentes, como Polícia Federal e Supremo Tribunal Federal. Todas as requisições da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal foram integralmente atendidas pela ABIN. A Agência colaborou com as autoridades competentes desde o início das apurações. A ABIN vem cumprindo as decisões judiciais, incluindo as expedidas na manhã desta sexta-feira (20). Foram afastados cautelarmente os servidores investigados”, afirmou a ABIN em nota.