A invasão da Ucrânia completou nesta última quarta-feira (21) 300 dias, e pela primeira vez o presidente Volodymyr Zelensky saiu do país, para uma visita aos Estados Unidos.
O avião com o presidente ucraniano pousou em Washington por volta do meio-dia, pelo horário local. Zelensky deixou o território ucraniano para visitar o principal aliado dele na guerra.
As negociações para esse encontro começaram meses atrás, e se intensificaram a partir do dia 11 de dezembro, numa conversa entre Zelensky e o presidente americano. Na quarta-feira passada, Joe Biden oficializou o convite e, dois dias depois, Zelensky confirmou a visita.
Zelensky chegou à Casa Branca para receber pessoalmente um anúncio que esperava há meses: um novo pacote de ajuda militar de quase US$ 2 bilhões.
Um funcionário do governo americano confirmou que o desejo dos Estados Unidos é aprovar um pacote ainda maior futuramente, que chegaria a US$ 40 bilhões. Mas, para isso, precisa aprovar o orçamento de 2023, em discussão entre os dois partidos no Congresso.
Nas últimas semanas, a Rússia atacou Kiev e outras cidades ucranianas com mísseis e drones, e concentrou esforços para destruir a infraestrutura de energia do país, deixando milhões sem eletricidade, água corrente e aquecimento, antes da chegada do inverno.
Parte da ajuda confirmada nesta quarta vai ser usada para o envio de um sistema antimísseis do tipo Patriot à Ucrânia e para o treinamento dos soldados que vão usar esse armamento.
O Patriot é considerado o mais poderoso sistema de defesa aérea americano. Ele é capaz de derrubar mísseis de cruzeiro, mísseis balísticos de curto alcance e aeronaves em uma altura significativamente mais alta do que os sistemas que já foram enviados aos ucranianos anteriormente. Segundo a imprensa americana, o Patriot é composto por até oito lançadores que levam entre quatro e 16 mísseis.
Desde que a guerra começou, os Estados Unidos já enviaram quase US$ 20 bilhões em ajuda militar e econômica à Ucrânia.
Antes da reunião bilateral, Zelensky e Biden falaram rapidamente com os jornalistas. Biden disse que os Estados Unidos vão continuar comprometidos com a soberania da Ucrânia e acusou o presidente russo, Vladimir Putin, de intensificar os ataques e usar o rigoroso inverno no Leste Europeu como uma arma.
“Estamos apoiando a Ucrânia para que ela encontre uma paz justa”, afirmou o presidente americano.
Zelensky entregou a Biden uma medalha militar e disse a ele que o presente tinha sido sugestão de um capitão que está na linha de frente numa cidade que é campo de batalha na guerra.
“Eu não mereço, mas agradeço muito”, disse Biden.
Depois da reunião entre Zelensky e Biden, na Casa Branca, o presidente ucraniano foi para o Congresso americano.
Faltam poucos dias para o recesso de Natal, e o Congresso americano já estaria vazio nesta quarta (21), mas o chamado para uma sessão conjunta, com deputados e senadores, para ouvir o discurso de Volodymyr Zelensky, o Congresso ficou lotado.
Zelensky saiu da Ucrânia pela primeira vez em 300 dias de guerra para lembrar ao mundo que a guerra continua e que a Ucrânia continua precisando de apoio militar e financeiro. Ele disse, ao lado de Biden, que “cada dólar desse investimento vai fortalecer a segurança global”.
Mas o que acontece em Washington é uma espécie de “tango ucraniano”: Biden ajuda Zelensky, então Zelensky foi até aos Estados Unidos agradecer a ele, e os dois trocaram elogios mútuos. Para Zelensky, conversar com os congressistas é fundamental, porque ele precisa que democratas e republicanos continuem aceitando financiar a guerra.
Mas tem uma outra peça-chave: na próxima semana, os republicanos vão passar a liderar a Câmara dos Deputados, e o futuro presidente da Casa precisa agradar os republicanos moderados, a favor de apoiar a Ucrânia, e os mais radicais, que são contrários a esse financiamento.
Após Zelensky discursar no Congresso, ele vai diretamente para o avião que vai levá-lo de volta a Kiev. É uma viagem exaustiva, mas ele tem no avião uma suíte só para ele. Então, muita gente acredita que esta será uma das noites mais tranquilas de sono dele, bem longe da guerra, em 300 dias.
reuters