O presidente Jair Bolsonaro, hoje sem partido, deve decidir até o fim de outubro seu destino para disputar a reeleição em 2022. Com as negociações mais avançadas no Progressistas, chefiado pelo ministro Ciro Nogueira (Casa Civil), o chefe do Executivo ainda não bateu o martelo.
O Poder360 apurou que aliados do presidente estão divididos quanto ao seu futuro político. Ala mais ligada ao Centrão, da qual faz parte o deputado Ricardo Barros (PP-PR), defende a pronta filiação ao PP. Já aliados mais próximos, que têm a confiança do presidente e costumam ser ouvidos por ele, preferem um caminho alternativo: o PTB ou o PL.
As movimentações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a fusão de PSL e DEM pressionaram Bolsonaro a acelerar sua busca por um novo partido. Nesta semana, Bolsonaro colocou um pé no PP, ao qual já foi filiado por 11 anos.
Integrantes da sigla dão como certo o embarque do presidente. Porém, pesa nesse contexto a imprevisibilidade do chefe do Executivo, que pode mudar de ideia a qualquer momento.
Em seu périplo pelos partidos, Bolsonaro já desistiu de alianças tidas como irrevogáveis. Por exemplo, confirmou a lideranças do Partido da Mulher Brasileira que se filiaria à sigla. Desistiu logo depois de um mal-entendido com a presidente da legenda.
No Patriota, o problema foi jurídico. Bolsonaro foi o pivô de um racha na sigla. Adilson Barroso, então presidente da legenda, chegou a aprovar mudanças no estatuto para atrair o chefe do Planalto. O movimento desagradou parte dos integrantes do partido. O impasse resultou em uma divisão e no afastamento definitivo de Barroso do cargo.
O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) tentou viabilizar a filiação do pai por meio do advogado Admar Gonzaga ao seu novo partido, mas não foi bem-sucedido.
Fundo Eleitoral
O PP foi o 4º partido que mais recebeu recursos do FEFC (Fundo Especial de Financiamento de Campanha) destinado aos partidos políticos para as Eleições. O PTB foi o 13º. Em 2020, o Progressistas teve direito a R$ 140.669.215,02 do fundo. Já o PTB, R$ 46.658.777,07.
Esse é um dos fatores colocados à mesa que dividem o entorno de Bolsonaro. Figuras políticas do Centrão dizem a ele que sua campanha precisará do máximo de estrutura partidária para fazer frente à do ex-presidente Lula e à do candidato escolhido pelo partido União Brasil, que reúne PSL e DEM. A fusão estrutura uma força política, a princípio não bolsonarista, que disputará votos no mesmo campo do presidente.
Já os aliados de mais longa data dizem não haver dúvida de que o valor impulsionaria a campanha, mas afirmam temer a falta de autonomia que terá o presidente num partido já dominado por caciques. Segundo o Poder360 apurou, esse grupo balizador tem apresentado ao presidente propostas alternativas para que, mesmo optando pela filiação ao PP, Bolsonaro não abra mão de espaço e influência.
Além disso, os críticos da provável filiação ao PP dizem que, se o sistema de financiamento coletivo for estruturado com antecedência e organização, haverá expressiva doação espontânea de empresários simpáticos ao presidente.
Calculam que mais até do que em 2018. Defendem que não seria necessário, então, recorrer ao recheado fundo público do qual o Progressistas dispõe.
Por fim, o fator ideológico também pesa. O PTB, de Roberto Jefferson, anunciou nesta 6ª feira (8.out.2021) que decidiu enviar um convite formal ao presidente para a sua filiação à legenda.
Em nota, o PTB afirmou que a decisão foi tomada em reunião e veio dos 26 presidentes de diretórios estaduais e da vice-presidente do partido, Graciela Nienov, que responde em nome de Roberto Jefferson.
Ele está preso desde agosto por decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes no inquérito que apura suposta milícia digital. Nienov diz que o movimento demonstra coesão e mostra que o partido está pronto para receber Bolsonaro.
A nota do PTB reforça como valores inegociáveis do partido “Deus”, “pátria”, “família”, “democracia” e “liberdade”, além de se colocar como a “Casa do Conservador Brasileiro”.
cg1