A pré-candidata à presidência, senadora Simone Tebet (MDB-MS), passa por certa “angústia” de não ter o MDB fechado em apoio ao seu nome. Uma ala ainda prefere andar com Lula e esse é um dos desafios que ela terá durante as convenções, que acontecem de 20 de julho a 5 de agosto.
Grupos de emedebistas até já indicam que ela pode ser o novo “Henrique Meirelles”, já que até mesmo em Mato Grosso do Sul, as lideranças aguardam posição da nacional e não firmam apoio e palanque com 100% de firmeza.
Na semana passada, Simone protagonizou desconforto com caciques como o pré-candidato a governador André Puccinelli, Carlos Marun e companhia, após o presidente do PSDB, Bruno Araújo, dizer que uma das condicionantes de emplacá-la pela terceira via seria um projeto único em MS [com Eduardo Riedel e sem André].
Para apagar a fogueira, a senadora afirmou que a tal condicionante não existia, e que seu pré-candidato era Puccinelli. Ela ainda reiterou que o diretório estadual de MS teria total liberdade para escolher posições futuras sobre a presidência.
Em levantamento feito pela Folha foi indicado que, se a convenção fosse hoje, a candidatura da senadora teria votos suficientes para ser aprovada pelo partido. Porém, não há unanimidade.
Tem que decolar
Simone e o presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (MDB-SP), sofrem pressão para que a candidatura decole nas pesquisas e saia dos 2%. E esse prazo é até meio do ano, quando ocorre a reunião das convenções. A preocupação é de que o resultado seja apertado.
Porém, Rossi diz que Tebet conta com o apoio de 90% do partido.
Conforme a Folha, nas convenções do MDB, cada estado tem um número determinado de delegados, aptos a votar, e cada um deles tem uma quantidade de votos calculada com base no cargo que ocupa na direção estadual e nacional da sigla e suas funções públicas. Ou seja, uma pessoa pode acumular votos.
Diretórios independentes
Se a candidatura de Simone não se mostrar viável, cada diretório estadual ficará livre para escolher quem apoiar. E dentro das tendências do MDB, há quem queira se ligar ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e uma ala grande que defende o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em 2018, a situação ocorreu quando o candidato do partido foi Henrique Meirelles.
Membros de diretórios estaduais do MDB já fazem uma comparação entre a candidatura de Meirelles e um possível cenário para Tebet neste ano.
O MDB já conta com a resistência à senadora em estados como Alagoas, Ceará, Amazonas e Paraíba. No entanto, o comando do partido em outras unidades da federação, como Bahia e Sergipe, ainda evita se posicionar publicamente sobre a candidatura de Tebet.
“Pessoalmente, a minha defesa é pelo [ex-]presidente Lula. Mas ainda não tivemos a reunião da comissão estadual”, disse Jackson Barreto, presidente do diretório do partido em Sergipe.
Há estados, porém, em que a presença tanto de Lula como de Bolsonaro é forte e seus dirigentes preferem candidatura própria para não se comprometerem com uma posição.
O presidente do diretório do Rio, Leonardo Picciani, defende a candidatura de Tebet, segundo aliados, e uma das razões é evitar se comprometer com a polarização.
Vale lembrar que a Senadora Simone Tebet tem o apoio da maioria do MDB, porém não é unanimidade.
folha de São Paulo