Mato Grosso do Sul vive um momento de aumento de casos de infecção por Covid-19. Conforme pontuado pelo último boletim epidemiológico, o Estado registrou 1.347 novos casos desde a publicação do último boletim, dos quais 679 são fechamentos de casos de semanas epidemiológicas anteriores.
Até 6 de dezembro, MS teve 586.167 casos confirmados desde o início da pandemia. Desse total, 10.862 resultaram em óbitos. Vale ressaltar ainda que a SES (Secretaria de Estado de Saúde) pontuou seis óbitos recentes, uma média de 1 morte em sete dias.
Conforme dados do CIEVS – MS (Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde), o Estado teve 16 óbitos por Covid em bebês de 0 a 1 ano de idade desde 2020. Desse total, nove mortes da mesma faixa etária ocorreram em 2022, sendo a última morte registrada em 25 de novembro.
Segundo a gerente técnica estadual de influenza, Lívia Mello, apenas dois bebês vítimas da doença não tinham comorbidades. Os demais óbitos foram motivados por doença cardiovascular crônica, Síndrome de Down, Cardiopatia congênita, Imunodeficiência/ Imunodepressão e outras condições.
MS ‘engatinha’ quanto à Covid-19
Segundo a infectologista da SES, Mariana Croda (CRM: 5853), o maior desafio do Estado é se preparar para essa doença, seja no aumento de número de casos com necessidade de internação, como também na disponibilização de vacinas e medicamentos antivirais.
A especialista explica que isso acontece porque esses repasses partem do Governo Federal e as autoridades estaduais tentam se adequar a essas demandas e definições a nível de Brasil, tendo em vista ser um processo demorado.
“Por exemplo, a vacina baby tem um número muito pequeno e as mortes em menores de 2 anos estão acontecendo. Então, o Brasil também ainda engatinha sobre a utilização de medicamentos comprovadamente eficazes para conter a evolução da doença. Nós fizemos uma aquisição muito aquém da necessidade”, relata.
Outro desafio apontado também pela especialista é o quanto as pessoas estão deixando de se vacinar ou não completam o esquema vacinal. Isso compromete toda a cadeia de proteção e abre ‘brecha’ para novas contaminações.
Cenário de Covid-19 e expectativas futuras
Pode-se dizer que o cenário da Covid-19 atualmente é muito diferente do que há dois anos, e essa melhora acontece por causa da vacinação da população sul-mato-grossense.
Nesse cenário, a infectologista destaca que a Covid vai se tornar uma doença endêmica, ou seja, continuará circulando enquanto a sociedade adéqua as vacinas conforme novas variantes forem surgindo, assim como ocorre com a influenza hoje em dia.
Variante BQ.1 tem maior transmissibilidade
A variante mais recente registrada é a BQ.1, muito semelhante às demais, mas com um poder maior quanto à transmissão.
“Isso faz com que novos casos ocorram novamente, a chamada nova onda. Dado o avanço da vacinação, MS não tem vivido um grande número de hospitalização e óbitos, então a gente não classifica ela como mais letal como as outras”, afirma a infectologista.
Mato Grosso do Sul não registrou nenhum caso da variante BQ.1 até o momento, conforme autoridades de saúde.
Sintomas? Faça a testagem
A médica ainda ressalta que as pessoas banalizam muito a doença atualmente, visto que, mesmo com sintomas, elas não fazem a testagem. Dessa forma, mesmo com as novas variantes, os sintomas permanecem os mesmos: coriza, dor de garganta e pouca febre, muito semelhante a um quadro gripal.
“Qualquer quadro gripal pode ser Covid. As pessoas banalizaram muito esses sintomas e não estão mais procurando a testagem”, afirma Croda.
Procure o médico
Apesar da Covid ser uma doença viral com quadro agravado no período de infecção, ela tem manifestações a longo prazo, algo que não ocorre em outras infecções respiratórias.
Além do risco de hospitalização, óbito ou sequelas graves ocasionadas por passar muitos dias na UTI, o paciente ainda pode registrar a Covid Longa, chamada também de síndrome pós-Covid. Por isso, a pessoa deve procurar o médico durante e após o tratamento da doença.
“A Covid Longa tem um leque de alterações, como cognitivas, queda de cabelo, perda do olfato, paladar e perda de capacidade de fazer atividades rotineiras. Isso mostra o quanto a doença não é simples, nem banal. Vivemos um período de alta transmissibilidade,é a doença respiratória de maior circulação no momento e é importante procurar testagem a qualquer sintoma”, conclui Mariana.
ses/ms