Por décadas, o enigma da morte das células cerebrais na doença de Alzheimer tem intrigado a comunidade científica. No entanto, um artigo publicado na revista Science sugere que pesquisadores podem finalmente ter encontrado uma resposta. Eles associaram as proteínas anormais que se acumulam no cérebro com um processo chamado “necroptose”, uma forma de suicídio celular.
O cérebro de pessoas com Alzheimer apresenta um acúmulo de proteínas anormais chamadas amilóide e TAU, mas compreender o que exatamente acontece tem sido um desafio.
Agora, cientistas do Instituto de Pesquisa de Demência do Reino Unido, em colaboração com as universidades College London e KU Leuven, na Bélgica, acreditam ter uma resposta. Eles argumentam que a amiloide anormal começa a se acumular entre os neurônios, desencadeando inflamação cerebral prejudicial aos neurônios e alterando sua química interna.
A partir desse ponto, os emaranhados de TAU começam a se formar e as células cerebrais produzem uma molécula específica chamada MEG3, levando à sua morte por necroptose. A necroptose é um processo normal do corpo para eliminar células indesejadas à medida que novas células são produzidas.
Quando a equipe conseguiu bloquear a MEG3, as células cerebrais sobreviveram. Bart De Strooper, pesquisador do Instituto de Pesquisa de Demência do Reino Unido, chamou essa descoberta de “muito importante e interessante”, fornecendo uma pista valiosa sobre como e por que os neurônios morrem na doença de Alzheimer.
Os resultados foram obtidos a partir de experimentos nos quais células cerebrais humanas foram transplantadas para cérebros de camundongos geneticamente modificados para produzir grandes quantidades de amiloide anormal.
Embora medicamentos que eliminam a amiloide tenham sido desenvolvidos recentemente, esta descoberta pode abrir portas para uma nova linha de pesquisa e desenvolvimento de medicamentos no campo da doença de Alzheimer. No entanto, é importante destacar que a pesquisa ainda está em estágios iniciais e levará anos de estudo antes de potenciais tratamentos se tornarem realidade.
Tara Spires-Jones, presidente da Associação Britânica de Neurociências e professora da Universidade de Edimburgo, descreveu o estudo como “interessante” e afirmou que ele aborda uma das questões fundamentais da pesquisa sobre o Alzheimer. Ela enfatizou que muitos passos ainda são necessários para determinar se essas descobertas podem ser traduzidas em tratamentos eficazes para a doença de Alzheimer.
reuters