Ligue 180 recebeu mais de 86 mil denúncias de violência contra mulheres até julho de 2025, aponta Ministério das Mulheres

A Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 registrou 86.025 denúncias de violência contra mulheres entre janeiro e 31 de julho de 2025, segundo dados divulgados pelo Ministério das Mulheres nesta quinta-feira (7), durante evento em Brasília. Os dados foram apresentados junto ao lançamento do Painel de Dados do Ligue 180, ferramenta que detalha informações sobre os atendimentos realizados no período.

Perfil das denúncias e dos agressores

De acordo com o painel, a maioria das vítimas denunciantes é heterossexual (49.674 casos) e negra (38.068 casos). O perfil mais comum de agressores é de parceiro ou ex-parceiro da vítima, totalizando 40.933 denúncias. Também foram registrados casos envolvendo vizinhos (4.588), outras relações (9.883) e situações em que o vínculo não foi declarado (7.589).

Entre os agressores identificados, a maioria é formada por pessoas heterossexuais e negras, com 27.587 denúncias envolvendo suspeitos classificados como pessoas brancas.

Tipos e locais de violência relatados

Os principais tipos de violência relatados no contexto doméstico e de relações íntimas são: violência física (35.665 casos), violência psicológica (24.021) e violência sexual (3.085). Além disso, houve registros de violência psicológica fora do âmbito da Lei Maria da Penha (9.866) e de outras formas de violência (4.566).

A maioria das denúncias refere-se a ocorrências dentro da residência da vítima (35.063) ou em domicílios compartilhados com o suspeito (24.238). Também foram identificadas situações ocorridas na casa do suspeito (4.722).

Tempo de exposição à violência

O painel indica que muitas mulheres convivem com a violência por períodos prolongados antes de buscar ajuda. Entre as denúncias, 21,9% referem-se a casos iniciados há mais de um ano, 9% há mais de cinco anos e 8,6% há mais de dez anos.

Transparência e políticas públicas

O Ministério das Mulheres destaca a importância do acesso público aos dados para subsidiar políticas de enfrentamento à violência de gênero. A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, ressaltou a necessidade de estratégias baseadas em evidências para a prevenção e proteção das vítimas.

A coordenadora-geral da Central de Atendimento à Mulher, Ellen dos Santos Costa, afirmou que a base de dados inédita fortalece o direcionamento de políticas públicas e do orçamento, de acordo com as dinâmicas identificadas.

Rede de atendimento e pactos federativos

O ministério também disponibilizou o Painel da Rede de Atendimento à Mulher, com informações sobre delegacias especializadas, juizados, abrigos e outros serviços públicos. Atualmente, 14 estados firmaram acordos de cooperação técnica para implementar o Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicídios, que visa aprimorar o fluxo de atendimento e encaminhamento das denúncias.

O governo federal incentiva a criação de órgãos específicos para políticas de proteção às mulheres em estados e municípios.

Sobre o serviço Ligue 180

O Ligue 180 é um serviço gratuito, sigiloso e disponível 24 horas por dia, todos os dias da semana, para denúncias e orientações sobre violência contra mulheres. O atendimento ocorre por telefone, e-mail, WhatsApp (número 9610-0180) e videochamada em Língua Brasileira de Sinais. Para situações de emergência, a orientação é acionar a Polícia Militar pelo 190.

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