Apesar de ter recebido autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) em janeiro de 2022, a Suzano decidiu suspender os planos para construir dois ramais ferroviários em Mato Grosso do Sul. Os projetos, que exigiriam mais de R$ 3 bilhões, conectariam as fábricas da empresa em Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas à Ferronorte.
A proposta incluía a construção de 231 quilômetros de ferrovia entre a unidade de Ribas do Rio Pardo e a ferrovia em Inocência, viabilizando o escoamento de 2,55 milhões de toneladas de celulose anualmente produzidas pela nova fábrica da Suzano, que entra em operação este mês. O custo inicial estimado para esse trecho era de R$ 1,6 bilhão, mas esse valor já está desatualizado. Em comparação, a chilena Arauco, que inicia a construção de uma fábrica em Inocência em julho, prevê gastar cerca de R$ 800 milhões para um ramal de apenas 47 quilômetros.
Outro ramal previsto conectaria a fábrica de Três Lagoas a Aparecida do Taboado, um trecho de 160 quilômetros, com um investimento inicial estimado em R$ 1,44 bilhão. A Suzano produz 3,25 milhões de toneladas de celulose por ano em Três Lagoas, e a ligação ferroviária é crucial para transportar essa produção até o porto de Santos via Ferronorte.
Em resposta à incerteza sobre a execução dos projetos, a assessoria da Suzano afirmou: “A Suzano trabalha constantemente na busca por melhores soluções para o escoamento da produção de suas unidades, que integrem inovação e boas práticas ambientais. Atualmente, a empresa já atua com soluções rodoferroviárias para escoar sua produção de Mato Grosso do Sul, que se mostram mais econômicas e de menor impacto ambiental”. A empresa acrescentou que aprofundará os estudos técnicos antes de decidir sobre a implantação dos novos ramais ferroviários no estado.
Esta declaração evidencia que, apesar das autorizações concedidas pela ANTT, a Suzano ainda está avaliando se realizará ou não os investimentos bilionários necessários.
Se o ramal de Ribas do Rio Pardo for construído, passará perto da futura fábrica da Arauco, que promete produzir 5 milhões de toneladas de celulose por ano, o dobro da produção da Suzano. Ambas as empresas poderiam utilizar o mesmo ramal ferroviário para escoar suas produções.
Em Três Lagoas, a situação é semelhante. A Eldorado Celulose solicitou autorização para construir um ramal até Aparecida do Taboado, e a ANTT já indicou que não permitirá a construção de duas ferrovias paralelas. O Governo do Estado está analisando um pedido da Arauco para construir seu próprio ramal enquanto instala sua fábrica em Inocência, prevista para ser concluída em 2028.
No município de Inocência, a Suzano está terminando a instalação de um terminal intermodal para embarcar sua produção na Ferronorte. Sem o ramal ferroviário, a celulose terá que ser transportada por cerca de 140 carretas diariamente, ao longo de 240 quilômetros entre a fábrica e a ferrovia.
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