Agora, a coisa vai. Esta frase já foi dita diversas vezes quando se fala que a Volkswagen vai entrar na F1. Aparentemente, este namoro antigo finalmente deve dar em casamento. Esta semana, foi enviada uma carta à FIA pelo CEO e o Presidente do Conselho da Audi, dando conta que a montadora deverá confirmar sua entrada na categoria no início de 2022, logo após a divulgação das premissas para o novo regulamento de motores para 2026.
Se fala na entrada da montadora alemã na categoria desde a década de 90, quando houve uma profunda reorganização no departamento de competições da marca, que existia desde 1966, até para organizar as atividades das mais diversas marcas.
Na época, o presidente do grupo era Ferdinand Piech, um apaixonado por corridas que ajudou a desenvolver o mítico Porsche 917. Mesmo assim, a resistência foi grande e o investimento ficou somente na Audi, até porque a Volkswagen saia de um período muito ruim em termos financeiros e de produtos. Em 1997, chegou a se construir um motor V10 e um protótipo. Mas foi escolhido investir no Grupo C, resultando no Audi R8R, que disputou as 24 horas de Le Mans de 1999.
A coisa serenou de novo até 2002, quando houve nova mudança no controle do grupo Volkswagen. Entrou Bernd Pischetsrieder, vindo da BMW. Foi sob sua batuta que a marca de Munique voltou à F1. Louco por velocidade (foi dono de uma McLaren F1), chegou a olhar comprido para a Jordan, conversou com Bernie Ecclestone, mas não foi à frente. Em 2008 houve uma nova conversa, mas não passou de consultas.
Toda vez que se fala numa possível entrada dos alemães na categoria, sempre há a resposta acadêmica de que podem usar qualquer uma das marcas do portfólio da montadora. A saber: Volkswagen, Porsche, Audi, Seat, Skoda, Bentley, Bugatti e Lamborghini.
A conversa voltou a aparecer na segunda metade da década passada, quando o logotipo da Volks apareceu no site da Toro Rosso. Embora houvesse na época um relacionamento com a Red Bull no Mundial de Rally, o acordo era para o fornecimento de caminhões para o time. Mas quando a FIA quis iniciar as conversas para os novos motores da F1 em 2017 que seriam introduzidos junto com o novo regulamento técnico, os alemães participaram com a marca principal, a Porsche e a Lamborghini… A Porsche chegou a trabalhar em um protótipo. Mas a recusa em simplificar os motores e a crise da fraude de emissões de Diesel acabaram por suspender os planos.
Mais uma vez, silêncio no grupo e dando toda a indicação de que o grupo abraçaria com força um futuro elétrico. Uma nova mudança de comando veio, com Herbert Diess assumindo o posto de CEO e aprofundando a aposta em eletrificação e automatização. Entretanto, em 2020, o mandachuva escreveu em seu perfil no Linkedin uma coisa muito interessante: em resposta a um artigo de Bill Gates sobre o futuro da mobilidade, ele via que a F1 era a melhor forma de promover o uso de combustíveis sintéticos de uma forma mais “excitante, divertida, competitiva e tecnológica do que a Formula E dando poucas voltas em centros de cidades em modo de jogo”.
Este discurso coincidiu com a busca da F1 e da FIA de soar mais agradável à indústria automobilística, que se encontra no centro de uma grande definição de que caminho seguir quanto ao tipo de combustível a usar e soar ecologicamente correto. E a solução do combustível sintético veio por agradar a muita gente, incluindo a Volks. Não foi então muito surpreendente ver os CEOs da Audi e da Porsche na Áustria conversando sobre o novo formato dos motores da F1.
Vimos acompanhando este bailado e a última que apareceu foi uma carta da alta administração da Audi à FIA em dezembro parabenizando pelo trabalho e pela confirmação das novas regras de motores, além de dizer que a montadora deveria confirmar sua entrada na categoria no próximo ano. Não se fala nada em relação à Porsche.
Tudo indica que agora a coisa vai! E as perguntas: se for verdade, vai entrar como equipe ou somente fornecedora? Quem seria a parceira no projeto? Vamos discutir isso mais à frente, pois o movimento merece ser tratado….